Ficha ténica: Friendship of a Special Kind
Autora: Moira Bianchi
Editora: self
Lançamento original: 2012
412 páginas
“Elizabeth Bennet já sofreu muita dor de cabeça –
demais até, segundo seu ponto de vista – para alguém com menos de 30 anos.
Exatamente por isso ela evita relacionamentos, e acima de tudo, compromisso.
William Darcy preferiria gastar seu tempo e esforço no
trabalho na empresa de sua família do que em relacionamentos recheados de
angústias.
Quando essas duas teimosas, sexies e lindas pessoas se
encontram, elas querem a mesma coisa: simplesmente desfrutar a vida.
Mas o que acontece quando ele se apaixona por ela?
Quão duramente ele terá de trabalhar para persuadi-la a amar de novo?”
“There is no armor
against fate.
Men are not
prisoners of fate, but only prisoners of their own minds.
It’s a truth
universally acknowledged, as well as feared, that fate
has it twisted ways
to dispose of our lives.”
Um Fitzwilliam
Darcy e Elizabeth Bennet modernos.
Dá medo de ler
uma releitura de um clássico da literatura mundial? Talvez. Dá para se
arrepender? De forma alguma.
Will e Lizzy
são bem descritos assim como no seu original. Com uma grande diferença: aqui,
Mr. Darcy consegue ser bem mais solto. Não me entenda mal, ele continua sendo
um homem sério, responsável, um cavalheiro à moda antiga, tímido com pessoas
que ainda não conhece, mas “uma vez que
tome uma decisão, esta decisão está tomada para sempre.” Lembra-se dessa fala no original?
Deliciosamente,
o livro ainda está recheado com falas do original, sendo transcritas em
itálico, para fácil reconhecimento.
Aqui, Will e
Lizzy não se encontram num baile, mas sim num barzinho, apresentados por amigos
em comum. Will, como o tímido que se preza, passa mais tempo a observando do
que exatamente interagindo, mas sua fascinação por ela começa desde aí. Em
outros encontros que ambos têm, uma forma diferenciada de relacionamente surge.
Nenhum dos dois, a princípio, está interessado em algo sério. Elizabeth ainda
se recuperava de um casamento marcado por um marido ausente e uma sogra
controladora. E quando seu marido morreu num terrível acidente de carro, esta
sogra fizera um escândalo no enterro para traumatizá-la para o resto da vida.
William havia decidido não mais casar com uma velha amiga de infância, que
parecia mais interessada nas conexões/dinheiro dos Darcy do que nele
propriamente dito. Sim, os Darcy eram uma família extretamente rica.
Com todos os
traumas e más escolhas em mente, Will e Darcy decidiram que, já que estavam
irremediavelmente atraídos um pelo outro, por que não ter um relacionamento de
sexo consensual somente? Dai surge o termo “dick friend”.
Mas como o destino
adora pregar umas peças, Will se vê totalmente apaixonado por Lizzy. E sabendo,
pelos amigos, do difícil passado amoroso dela e de seus traumas (que ele os
pesquisou exaustivamente na internet), agora ele teria a difícil tarefa de
fazê-la se apaixonar por ele e querer ser mais do que uma amiga de cama.
O livro é
longo e mostra as várias transformações que ocorrem. Lizzy às vezes se mostra
teimosa demais – pra não dizer chata, com tanto medo de ter um novo
relacionamento. Mas para as fãs de Fitzwilliam Darcy, é gostoso de ver toda a
estratégia que ele usa para alcançar o coração dela. Ele é cavalheiro, amoroso,
sofisticado, engraçado até (deliciosamente desbocado), em várias ocasiões.
Os outros
personagens do livro original também são mencionados, mas na maioria das vezes
há diversas modificações. Por exemplo, aqui Lizzy não tem várias irmãs, mas
apenas a Kitty. Jane é namorada de Bingley e mais tarde torna-se uma grande
amiga de Lizzy. Georgiana é prima de Will, não sua irmã. O irmão dele se chama
Richard e é muito gaiato. A amiga de Elizabeth, Charlotte, é “dividida” entre
dois personagens. Mais interessante ainda foi a forma que a autora lidou com a
situação Wickham. E ainda tem a homenagem que ela faz à autora, Jane Austen,
colocando seu nome num dos personagens (surpresa! Surpresa para o tipo de
personagem escolhido!).
E mais uma
coisa torna o livro atraente: por ser escrito em tempo contemporâneo, nada como
muuuuuuitas cenas calientes. Darcy e Lizzy fazem muito sexo e as cenas são
muito bem descritas.
Boston, Nova
Iorque, Buenos Aires, Rio. Mas também algumas das famosas locações do livro
original, especialmente Pemberley.
Se você quiser
achar que trata-se de uma fanfics, ok para mim. Mas está mais do que na moda
autores lançarem sua visão de grandes clássicos da literatura, e Jane Austen é
uma das autoras mais usadas nesse tipo de homenagem, Que o digam as
internacionais Amanda Grange e Abigail Reynolds. E
esta versão, escrita por uma brasileira, não deixa a dever a nenhuma das outras
famosas escritoras. Agora só nos resta começar uma campanha para pedir à Moira
que lance seu livro traduzido para o português. Uma obra dessa não pode ficar
restrita às pessoas que consigam ler na língua original de sua homenageada.
Abaixo um trecho,
em tradução livre, de uma das partes do livro que mais gostei. Will Darcy
mostrou toda sua sabedoria na hora de identificar algo que era de suma
importância para ele. E você também poderá ver um pouco do grau de trauma que
Lizzy vivia.
“ Quando saiu do chuveiro ela o ouviu amaldiçoar por
causa dos pássaros (de um joguinho) e
sorriu.
- Nenhum uso prático!, ela murmurou, vestindo seu robe
e pensando em chamar sua mãe e Jane. Assim que ela amarrou sua faixa, sentiu
algo dentro do bolso do robe e o pegou, fosse lá o que fosse, enquanto se
dirigia à sala para pegar seu telefone. Lizzy congelou ao lado do sofá onde
Darcy bebia uma cerveja e tentava agir normalmente.
- Liz? Ele perguntou quando ela não se moveu, ou
gritou, por alguns segundos.
Lizzie estava congelada segurando uma caixinha azul
com um bonito laço de fita branco, parecendo em pânico.
- Liz? Ele chamou de novo, com mais intensidade, quase
um comando, e ela olhou com seu cabelo escovado para trás de forma sexy,
descalça e sem maquiagem. – Confiança. Você pode confiar em mim?
Ela piscou.
- Um pouquinho de fé. Você me dá? Darcy pergunta
reafirmando.
Ela engoliu duro.
‘Mexa-se logo, seu idiota!’, ele pensou. – Elizabeth,
você confia em mim? Darcy perguntou de novo.
Ela finalmente confirmou. Ele dá uma palmadinha no
sofá para que ela se sentasse ao lado dele, mas a mente dela, totalmente em
branco, só consegue registrar a mesa de jantar.
Com as mãos tremendo, o Monstro interno tão conhecido,
patinando belamente em sua visão periférica, ela desatou o laço e abriu a
caixa. O fato de Darcy não ter sequer se levantado do sofá deveria tê-la
acalmado, mas o Monstro era um ator perito.
Dentro da caixinha ela achou um chaveiro engraçado, em
forma de maçã, com duas chaves. Era somente um chaveiro. Nada mais. Nenhum
ouro, diamante, ou platina. Somente um objeto em prata esmaltado. O
Monstro acenou tristemente.
- Assim você pode entrar e sair quando quiser. Darcy
falou, enquanto ela ainda olhava o interior da caixa, sem tocá-lo.
Ela olhou para cima e ele viu as lágrimas que queriam
cair dos olhos dela.
- Venha aqui, querida. Ele estendeu a mão e ela a
pegou. – Eu pedi que confiasse em mim. – Darcy beijou os lábios dela. – Nós não
tínhamos planejado um passo de cada vez? Juntos?
- Isso não foi engraçado, Will. Ela fungou.
- Não estava tentando ser engraçado. Eu queria que
você tivesse as chaves do meu flat e essa joalheria é próxima do meu
escritório. Certamente eu não lhe daria as chaves num chaveiro vagabundo. Ele
disse simplesmente.
Era uma meia verdade, ele queria testá-la, e agora ele
sabia o que não fazer. – Querida, os passos importantes nós daremos
juntos. Confia em mim? Ele deu um selinho nos lábios dela.
Ela concordou...”
http://www.youtube.com/watch?v=nitiMG81DRc
SOBRE A AUTORA
Moira Bianchi é uma arquiteta, com seus trinta e muitos anos, que caiu de amores pelo Mr. Darcy de "Orgulho & Preconceito". Após anos lendo romances sobre ele e Lizzy, ela decidiu escrever uma por si mesma, e adorou.
Agora ela não consegue parar.
Ela vive no Rio de Janeiro com marido e filho.
haha! Amadorei, fofy!
ResponderExcluirGosto muito dessa cena também. E a cena do discussão no restaurante de Seattle acho que mostra bem o quanto Darcy está preparado para dobrar a teimosia de Lizzy.
Traduzir... bem, você mesmo disse: é longo!...
bjs