Georgette Heyer - Casamento de Conveniência



Ficha técnica: Casamento de Conveniência (The Convenient Marriage)
Autora: Georgette Heyer
Editora Record
Lançamento original: 1934
Lançamento BR: 2008
333 páginas

"Quando o conde de Rule pede a mão de Elizabeth Winwood, no ano de 1776, não sabe o problema que causará à bela jovem. Ela está comprometida com o admirável mas pobre, tenente Heron. O final infeliz para essa história só pode ser impedido pela impetuosidade da irmã mais nova de Elizabeth, Horatia, que se oferece para se casar com lorde Rule."


 ROMANCE HISTÓRICO. CLÁSSICO.

O primeiro livro que li desta autora e fiquei absolutamente encantada com sua forma de escrever.
Em várias ocasiões ela é comparada à Jane Austen (atenção JANEITES!!!), mas diferente desta, que ambientava seus romances na área rural da Inglaterra, esmiuçando o micro para falar do macro, Heyer traz heroínas mais audaciosas em seu comportamento, com uma vivência maior na Sociedade londrina.

Aos 35 anos, com uma fortuna considerável (20 mil ao ano!! Muito mais rico que o famoso Mr. Darcy que ganhava 10 mil...) e com várias aventuras amorosas no currículo, o Conde de Rule, Marcus, resolveu ouvir os conselhos de sua irmã e se casar. Não seria um casamento por amor, por isso, nada mais justo do que sua futura condessa satisfazer alguns requisitos para ocupar o cargo. Como ele era considerado muito orgulhoso - e de fato o era -, o nome da escolhida deveria vir de uma família com uma linhagem digna.
Acontece que Elizabeth - Lizzie - Winwood, belíssima, ainda se encontrava solteira. Então ela foi a escolhida.

O que Marcus não poderia saber era que apesar dos Winwood terem nome mas estarem falidos, Elizabeth já tinha entregue seu coração ao Sr. Edward Heron. Eles se conheciam praticamente a vida toda, já que as terras do pai dele faziam divisa com as da família dela. Mas Edward era o filho caçula de uma família sem muitas posses. Ele não teria o que oferecer à bela Lizzie, a não ser o seu amor.

Quanto à falência dos Winwood era por uma razão muito simples: o jogo. Apostar parecia uma maldição que estava no sangue de quase todos. E Pelham Winwood, irmão de Elizabeth, estava viajando pelo mundo gastando e apostando o dinheiro que não tinha, ao invés de estar em casa cuidando da mãe e das irmãs - além de Lizzie, havia Charlotte, a do meio, e Horatia, ou Horry.

Mesmo com a possibilidade de tornar-se muito rica e uma condessa, Elizabeth estava infeliz. Teria de aceitar aquele casamento para salvar a honra da família. Ela seria o sacrifício.

Não aceitando essa situação, sabendo o quanto a irmã e Edward eram apaixonados, Horatia toma uma atitude. Na manhã seguinte ao saber da proposta, ela vai até a casa do conde e se oferece no lugar da irmã.


"- É sobre Lizzie... minha irmã. Pediu a mão dela , não?
Um pouco surpreso, o conde admitiu inclinando a cabeça. Horatia seguiu falando rapidamente.
- Poderia... se importaria de me aceitar no lugar dela?
O conde estava sentado em uma cadeira na sua frente, balançando distraidamente o monóculo, o olhar fixo no rosto dela, com uma expressão de interesse cortês. O monóculo parou de balançar de súbito, e ele deixou cair."

Com todos os argumentos apresentados por ela, fica meio que difícil para ele negar aquele pedido. E naquela tarde ele visita a Sra. Winwood para formalizar o pedido de casamento à Horatia.

O enlace não demora a acontecer e, cumprindo uma promessa que fizera a ele, Horatia não se envolve na vida particular de Marcus. Claro que se ele quisesse continuar tendo amantes, ela não o deteria. Mas o casal passa a ser a sensação da temporada.

Primeiro havia a diferença de idade, ele com 35 e ela, 17. Depois, Horatia tinha consciência que não era nenhuma beldade. Não perto das irmãs. Ela era baixinha, tinha  as sobrancelhas unidas (nada as faria arquearem-se) e ainda era gaga. Mas era espirituosa, tinha bom humor, sempre respondia o que lhe vinha à mente e como uma boa Winwood, era viciada em jogar.
As contas dos gastos de Horatia viviam chegando. Uma mais absurda que a outra, mas Marcus, avesso a brigas, levava tudo com paciência. Isso mesmo depois de ele ter dado um cheque vultoso nas mãos do irmão dela para pagar as dívidas deste.

O problema é que com esse seu jeito intempestivo, Horatia deu munição a dois desafetos de Rule: o Sr. Crosby Drelincourt, que seria o herdeiro de Rule caso este não se casasse e tivesse filhos (e ficou tremendamente exasperado ao saber pelos outros sobre o noivado de Rule com uma "fedelha"), e o Sr. Lethbridge, cuja história e raiva contra Rule vinham de anos.

Horatia é envolvida numa situação comprometedora e a prova de sua participação no ato, um broche de pérolas que era uma relíquia da família de Rule, foi perdido. Para recuperá-lo ela precisaria ir num lugar não muito aconselhável a uma dama do nível dela, principalmente sem a presença de seu marido. Agora, Horatia precisava da ajuda de seu irmão Pelham, de seu cunhado Edward e de toda sua coragem para recuperar o broche e se livrar daquele chantagista, antes que Marcus descobrisse tudo...



Um clássico sem ser chato. Nada de linguajar rebuscado. As situações e as cenas são tão bem descritas que você consegue visualizá-las bem e rir muito.
Como dito antes, as heroínas de Heyer são mais ousadas. Sim, elas ainda estão presas às convenções da época como terem de procurar um marido desde a época de seu debut; casarem sem ser por amor e saberem que mais do que provável, seus maridos terão amantes. Mas ainda assim, elas são de uma personalidade forte, sem falsos moralismos.

Horry é exatamente assim. Ela não se acovarda diante do poder de Marcus. Sempre tem uma resposta pronta, vive entrando em confusão e aceita sua "sina" de ser uma jogadora viciada com uma naturalidade que chega a beirar à ingenuidade.
Marcus é um herói sarcástico, que pode parecer passivo, mas na verdade nada lhe escapa. E esse jeito diferente de ser de Horry acaba por encantá-lo. Mesmo quando ela abusa nas apostas e compras.

O ritmo é delicioso.
Os personagens são encantadores.
Jamais poderia ser considerado um livro sexy, mas extremamente diferente da dama Austen, Heyer traz sim uma sensualidade à trama ousada até mesmo à época em que o livro foi lançado. 
Uma leitura recomendada àquela sua tia que adora ler Romance de Época, mas que você fica vermelha ao imaginá-la lendo uma Sylvia Day ou Candace Camp.

A autora tem mais três livros lançados por esta editora: A BOA MOÇA, OVELHA NEGRA e VENETIA E O LIBERTINO.

5 ESTRELAS.




*Gravura de Alan Ayers à capa de Julie Anne Long, TO LOVE A THIEF (1° edição). 

Comentários

  1. Gostei de saber que tem mais uma autora que equiparasse com Jane. Mas uma para eu ler!
    Sobre o livro, ele parece bom, apesar que eu não tenha sentido firmeza, mais vou dar um crédito.
    Tomara que eu tenha logo a chance para ler o livro
    bjos
    https://leituradeouro.blogspot.com/

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  2. Vânia, vc é uma das responsáveis, rs, pelo aumento da minha lista de livros desejados... Pedi o momento mágico no Skoob há pouco, e agora me deparei com mais este, c'est la vie rs... Bjs.

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    1. Oi, Cris. Mas esse é nosso problema. Qto mais livros temos, masi queremos ehehehehehe
      A Georgette é ótima. Um estilo parecido com Jane Austen, mas mais ousado.

      Boa leitura.

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  3. Mas ele chega a ter uma amante? Não suporto ler livros que o mocinho da uma "escapadinha" com outra(as). 😓

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