Ficha técnica: Amor em Jogo
Autora: Anaté Merger
Editora self
Lançamento: 2014
378 páginas
POV: prólogo - primeira pessoa; restante - terceira pessoa
Gênero: Romance Contemporâneo; Chick Lit; New Adult
Protagonistas: Nathan; Alix; Clif
Local/ano: Lacoste, Saint-Tropez, França; Veneza, Itália/atual
"Aos vinte anos, Alix perdeu os pais, a fazenda onde morava no interior da Provence e toda a esperança de ter um futuro.Sem saída e rezando por um milagre, ele surge na forma de um emprego que parece ser extraordinário: durante três meses, ela vai trabalhar em uma mansão com vista para a baía de Saint-Tropez por um salário milionário. O proprietário é Clif Forestier, um astro do cinema excepcionalmente belo, extremamente rico e cinicamente sórdido. O oposto de Nathan, um jovem comerciante sensível e cativante, por quem ela começava a sentir algo especial até que o encontro explosivo com o ator desperta em Alix sensações que ela desconhecia.
O verão começa e, aos poucos, ela percebe que é apenas uma carta do baralho no qual luxo, mentiras e sexo fazem parte de um contrato que coloca muito mais do que a sua dignidade em jogo: se quiser descobrir e ganhar quem realmente ama, Alix vai precisar enfrentar os seus demônios e apostar alto.
As cartas estão na mesa. Uma nova partida da "Confraria de Ases" vai começar!"
Morte, abandono, desesperança. Em pouco mais de 3 anos Alix vê seu mundo desandar de forma catastrófica.
Primeiro a notícia de que seu pai havia morrido numa batida de carro. Logo a seguir, saber que sua mãe estava com câncer, e apesar do tratamento, ela não resistiu. Um pouco antes disso, Alix faz uma promessa à mãe de que faria de tudo para que a fazenda da família, que estava hipotecada, iria se recuperar aos dias de glória.
Agora, ali parada no cemitério, depois de ver o caixão de sua mãe baixar à terra, e ter suas útlimas economias, na verdade suas joias, vendidas para poder dar à mãe um enterro digno, Alix se encontra sem saída.
Num último minuto ela é socorrida por uma amiga que não via há anos.
Manon, ou Trixie como agora era conhecida, havia se mudado cedo de Provence para tentar a vida de modelo, logo depois de ter vencido um concurso de beleza aos 13 anos.
Sem entender muito bem como a amiga havia ido parar ali, ela segue para Saint-Tropez, com a promessa de que dias melhores estavam por vir, e que um trabalho lhe seria arrumado.
Ao chegar na cidade turística, Alix é apresentada a Zoé, agente de Trixie. Esta logo se empolga com a beleza rústica de Alix e diz que é preciso repaginá-la para que consiga algum trabalho numa cidade tão exigente. E assim o fazem. Manicure, cabeleireira, sobrancelhas, roupas.
Para Alix, que estava completamente falida, tudo começou a parecer de mais, e confusa, ela dá um tempo naquela loucura consumista e acaba indo passear na feira livre da cidade. E é lá que ela se depara com Nathan, o gentil vendedor de geleias.
Sempre que se encontravam, Alix mostrava-se totalmente à vontade com Nathan, mas Zoé sempre atrapalhava qualquer conversa deles. Na verdade o pingente do cordão de Zoé mostrava bem o tipo de pessoa que ela era: "garce" (malvada; desagradável; mulher de vida fácil). Mas Alix ainda era ingênua demais para perceber isso.
Depois de toda melhora na aparência, Alix foi em algumas entrevistas de emprego, como recepcionista de hotel ou restaurante, mas nenhuma delas vingou. E seu desespero por um trabalho aumentava.
Até que numa tarde, almoçando com um conhecido de Trixie, Zacharie Zavagli, ou Zac, ele sugere que ela poderia trabalhar na casa de um amigo, como jardineira.
Como Alix havia começado os estudos em Agronomia e ajudava seu pai a cuidar do jardim da fazenda, ela fica super empolgada ante a oportunidade.
Zac a apresenta a Sophie, ou Madame Sévigny, a governanta da casa. Esta lhe informa que outras garotas estariam passando pela mesma semana de teste que ela, na qual cada uma delas deveria desenvolver uma tarefa, sempre acompanhadas por uma espécie de tutor. No final daquela semana, elas saberiam quem seria contratada.
De todas as funções testes que as garotas passaram, a que mais agradava Alix era o jardim, e a companhia do velho jardineiro Henri.
Mas ao contrário do que ela imaginou, seu trabalho de 3 meses, durante o verão de Saint-Tropez, numa das mansões mais lindas do local, pertencente a um famoso e premiado ator americano, Clif Forestier, não era exatamente o de jardineira.
Alix, assim como outras garotas, iriam fazer parte de um jogo de cartas bem diferente. Cada uma receberia um codinome, o dela seria Dama de Espadas, e elas deveriam deixar os convidados e o Sr. Forestier bem satisfeitos.
Elas faziam parte da Confraria de Ases. O salário era de um milhão de euros, assim como a multa caso quisesse rescindir o contrato.
Os sócios eram Zac (advogado), Clif (ator), Chris Austin (ator) e Joshua Red (roqueiro).
Além desses, outros fariam parte das muitas festas oferecidas na mansão.
Alix estava presa pela falta de dinheiro e pela promessa feita a mãe de conseguir de volta a fazenda Reine de Cour.
Finalmente Alix foi apresentada ao anfitrião e o primeiro encontro deles não foi nada agradável. Ela se atrasou e não aceitou a bebida oferecida por ele, coisas que o contrato de mais de 40 páginas era claro em dizer que as garotas deveriam fazer TUDO que fosse solicitado.
Mas desde o início, mesmo sem entender direito como aquilo tudo funcionava, Alix mostrou uma certa rebeldia. E mesmo notando que Clif era um homem belíssimo, seu coração estava pendendo mais para o lado de um certo vendedor de geleias.
A primeira grande festa na mansão foi um baile de máscara e Clif deu exatamente a roupa que ele queria que Alix vestisse...
Alix parecia não se encaixar em nada ali, e a presença de Zac mostrava-se cada vez mais desagradável, principalmente quando ele tenta violentá-la no baile e só não consegue porque é interrompido por Clif, ajudando Alix a fugir.
Naquela noite ela sai e se encontra com Nathan, decidida a contar toda a verdade sobre o contrato a ele, mas a cláusula de confidencialidade a segura.
Apenas na manhã seguinte, Alix ouve da boca das outras garotas do que exatamente se tratava a Confraria. Arrependida em ter assinado o contrato, e sentindo-se tola por não tê-lo lido, ela sai mais uma vez da mansão e se encontra com Nathan para um piquenique.
Este mostra-se cada vez mais encantado por ela.
Numa conversa definitiva com Trixie, Alix fica sabendo que tudo tinha sido armação de Zoé, inclusive o fato de não ter conseguido outros trabalhos.
Desesperada, ela pensa em desistir, mas estava sem saída. Nathan dizia que poderia ajudá-la, mas ela sabia que como um pequeno comerciante isso seria impossível, lidar com gente tão influente e rica.
Clif a encurrala na mansão e tem uma conversa definitiva, dando-lhe o prazo de uma semana para aceitar o contrato ou arcar com as consequências de sua quebra.
Enquanto isso Alix fica na dúvida, ouvindo opiniões tão divergentes a respeito de tudo que se passava na mansão e sobre Clif. Em especial de Henri, que trabalhava na mansão desde a época em que os pais de Clif estavam vivos.
E assim, Alix se mantém numa gangorra de emoções.
Por um lado havia Nathan, com todo seu jeito de bom moço, educado, gentil, apaixonado, que a deixa à vontade com conversas simples sobre plantas e tipos de mel. Ela se entrega para ele.
Por outro, há o "vilão" Clif, que, através de Zac, a fez assinar um contrato sem chances de ser rompido, que a tratava com uma mistura de desprezo e consideração, e também começava a mexer com as emoções dela.
Haveria como ela se sentir atraída por dois homens tão diferentes? Passados os 3 meses de trabalho, teria como Alix ainda viver um grande amor com Nathan?
De garota ingênua (até demais) a uma mulher decidida. A vida de Alix deu uma guinada de 180°.
Sem dinheiro, sem família e sem um diploma, ela encontrava-se completamente perdida.
Iria obter a ajuda da amiga, mas nesse meio tempo foi caçada a laço por Zoé, uma cafetina oportunista que, através de sua transação escusa com Zac, arrumava garotas bonitas para uma férias pecadoras.
Na maioria das vezes as garotas sabiam no que estavam se metendo, mas Alix foi um ar novo em toda essa falcatrua, e, com isso, custaria mais caro. E Zac estava muito interessado em tê-la para ele mesmo.
Mas no meio do caminho acabaram aparecendo dois empecilhos: Nathan e Clif.
Clif fazia parte da Confraria e teria acesso a Alix, mas ele logo percebeu que ela era diferente, e mesmo quando ela dizia que havia lido e entendido o contrato - o que não era verdade -, suas ações não casavam com suas palavras.
Clif quis se aproximar e entender por que aquela garota mexia tanto com ele. Ora ele era gentil com ela, chamando-a apenas para jogar xadrez, na outra, ele dava-lhe ordens de como se apresentar a ele através de mensagens pelo celular.
Alix também queria entender por que se sentia tão perdida. Se Nathan era a escolha certa e lógica, por que ela se sentia tão tentada a ficar perto de Clif? Ela poderia precisar do dinheiro, mas não se sentia atraída por aquele modo de vida.
E então ela se entrega a Nathan, mas logo a seguir, como regia o contrato, ela fica com Clif. E no meio disso tudo uma descoberta que muda o rumo da história.
Num prazo agora de 3 meses, Alix é apresentada a um mundo de luxo, de sordidez, de sentimentos conflitantes e fortes, de perdas e ganhos e de, quem sabe, uma pitada de esperança.
A fazenda acaba sendo vendida. Alix se decepciona com a amiga e perde o único amigo que fez na mansão. Ela precisa lutar por sua sobrevivência financeira e depois, por sua vida em si. Mas uma roseira pode ser o sinal de que as raízes podem se fincar onde está o seu coração...
O ritmo da história é bom.
Os personagens são interessantes. Na grande maioria é mostrado o lado negativo deles, nada de passar panos quentes. Clif transita entre o vilão e o mocinho com suas ações de forma magistral. A ingenuidade de Alix no início às vezes me dava nos nervos. Ela não tem uma transformação miraculosa, mas com a ajuda certa, ela consegue virar o jogo.
As locações acabam tornando-se personagens, com algumas descrições que mexem com a vontade do leitor de querer viajar.
E confesso que devo ter engordado alguns quilos com a descrição e/ou explicação de algumas iguarias da cidade de Provence, como o fougasse (e lá vou eu procurar receita para o outro blog...)
A introdução da história prende bem o interesse, com toda aquela apresentação sobre a Confraria e as Damas. No meio da história algumas "fugas" da personagem se tornaram chatas, mas depois a história pega um novo ritmo e volta a ficar interessante do tipo não-consigo-largar-até-acabar.
Não é um livro erótico, as cenas românticas são bem diluídas. Mas o casal (aí fica por sua conta e risco escolher qual casal você mais gosta nesse triângulo amoroso) é fofo e compensa.
Sem cliffhanger.
Um livro gostoso de ler que pode tanto trazer algumas surpresas, como pode ser uma diversão romântica que agrada. De qualquer maneira, Anaté, com sua narrativa tão europeia, traz novos ares à literatura nacional.
4 estrelas.
Sobre a autora
*ARC cedido pela autora em troca de uma resenha de opinião honesta.
Oi Vânia, tudo bem? Que resenha maravilhosa! Muito obrigada pelo texto, fotos e sensibilidade com a historia. Amei cada palavra! Um beijo e até a próxima! :-)
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