[ESPÓLIO BIENAL 2015] Illana Lessa - Aprendendo a Viver (Aprender #1)



Ficha técnica: Aprendendo a Viver
Autora: Illana Lessa
Editora Bezz
Lançamento: 2015
315 páginas
POV: primeira pessoa - Amanda
Gênero: Romance Contemporâneo; Drama; Chick Lit

Protagonistas: Amanda Stone e Liam Mackenzie
Local/ano: planeta Terra/atual

"Um trauma devastador, solidão e marcas profundas... Amanda é uma escritora com dificuldade de socialização, fechada em si mesma. Quando se muda para uma pequena cidade em busca de inspiração, encontra mais do que isso. Encontrar um bombeiro lindo e supostamente confiante não estava em seus planos. Desse encontro renascem mágoas do passado, mas também a esperança. O que eles têm em comum? Todos têm um passado, alguns que deixaram profundas cicatrizes e seguir em frente torna a vida algo complicado. É preciso aprender a viver."


Amanda Stone é uma escritora famosa. Seu mais famoso personagem, Dr. Bo, já teve 10 livros lançados. Ela vem de uma família de posses - seu pai era empresário no ramo de diamantes -, mas já há algum tempo ela vive por conta própria.
Numa das inúmeras festas oferecidas por sua família, ela acaba por se encantar por um penetra. Fabrício a encantou e a encheu de promessas. Mas ele era um João Ninguém e o pai de Amanda não gostou daquele relacionamento, cortando relações com ela. Aí começa o calvário de Amanda...

Cinco anos se passam e agora ela carrega as marcas de sua decisão baseada num amor do passado.
Sofrendo de pesadelos e com bloqueio de escrita, ela se refugia numa cidade do interior fugindo de tudo e de todos. 
Seu editor, André, sabe onde ela se encontra e pouco se falam por telefone. Claro que ele está preocupado se ela mais uma vez vai adiar a entrega de seu próximo romance.
A única pessoa com quem Amanda verdadeiramente se abre é com Margarete Cobalsk - Meg.

Amanda aluga um chalé da Sra. Alice Ashworth e passa o tempo todo evitando ter contato com outras pessoas, fazendo suas compras em horário quase de fechar o comércio, não vendo seus poucos vizinhos.

Mas numa noite especialmente difícil de aguentar as lembranças, Amanda bebe além da conta. Vai passear pelo quintal e cai no rio ao lado de sua casa. Só não morre afogada porque é salva pelo seu vizinho. Ele acredita que ela havia se jogado no rio de própósito, e fica preocupado que ela seja uma suicida, mas ela o assegura que fora um acidente. De qualquer forma, Liam se oferece estar sempre por perto caso ela precise, afinal, ele trabalha em algo assim. Ele é bombeiro.

Para tirar Amanda daquela letargia, eis que aparece sua melhor amiga para passar uns dias. Meg já chega "causando". Tivera um desentendimento com um maluco que vive na rodoviária da cidade - inofensivo - e, por isso, tem um bate boca com o xerife, Edward Prats.
Sua chegada também traz desentendimento com Amanda. Chateada, Meg sai para caminhar e fica desaparecida por horas. Preocupada que a amiga tenha se perdido, Amanda pede ajuda a Liam, vizinho da casa mais próxima. Eles saem à procura dela e outro grupo do destacamento quem a encontra, perdida e com o tornozelo torcido. Levam-na ao hospital e lá Meg começa a flertar com o médico, Dr. Eric, que por acaso é irmão do xerife.

Meg e Amanda fazem as pazes. E a amiga, com medo do que a solidão daquele lugar possa fazer com Amanda, faz a amiga se comprometer a cumprir  um contrato para ser feliz. Nele, onze cláusulas deveriam ser cumpridas, mesmo que não na ordem. Coisas simples como fazer compras em horário normal para encontrar outras pessoas; ir ao cinema ou a uma pizzaria; ir ao salão de beleza; telefonar para a mãe...
Meg vai embora e deixa Amanda com essa tarefa.

Aos poucos e com muito medo Amanda começa a se soltar. Faz amizade com o menino entregador de jornal; numa tarde em que o pneu de seu carro fura e ela estava sem estepe, ela vai à casa do xerife. Lá eles conversam e uma amizade também começa a se formar. Até que o irmão de Amanda, Benjamin Rachmaninov, aparece na cidade.

Muitas das mágoas guardadas pela família são esclarecidas. Amanda não usa mais o sobrenome russo do pai. Ben e Meg já tiveram algo no passado, mas agora ele passa por outra situação que o deixa perturbado.
Quando Amanda cumpre a cláusula de telefonar para a mãe, esta se emociona ao ouvir a voz da filha, mas tão logo o marido entra em casa, ela desliga a ligação na cara da filha.

Enquanto isso, a amizade de Amanda e Liam também se forja. Uma pizza de aniversário que ele comemorava sozinho e logo ela descobre por que esta data para ele não era tão festiva assim; um churrasco na casa dele com outros amigos da corporação; ela conhece a irmã dele, Danna, e suas sobrinhas de 11 anos, Samantha e Nicole.

Seu grupo de amizade cresce devagar, e ao mesmo tempo em que ela e Liam se mostram interessados um no outro, ela tem receio de ir às vias de fato num relacionamento carnal com ele. Ela já havia contado para ele a história de vida dela, do que ela fugia, mas ele ainda não havia visto as marcas. Por outro lado, Liam também tinha seus fantasmas e ver a amizade crescente entre Amanda e o policial Edwards deixava-o inseguro. E ainda tem o caso de Betsy, a biscate da cidade que faz de tudo para separar Amanda de Liam.

Os dois tinham muito por que lutar. As feridas em seus passados eram profundas e cada um teria de ceder um pouco se quisessem dar certo. Ambos teriam de aprender a como se perdoar, esse era o caminho mais difícil, mas ao serem confrontados com mais um dilema, as máscaras e medos são deixados para trás e a lição seria finalmente apreendida para um futuro com mais campos de girassóis...




O enredo começa de forma interessante. Uma mulher coberta de cicatrizes, também externas, que em busca de paz, decide morar longe da civilização. Toda essa problemática atrapalha seu lado criativo, tão necessário em seu trabalho, mas ela simplesmente não consegue conviver em aglomerações. Mantém-se longe de todo tipo de relacionamento, tem pânico, não gosta de ser tocada. Apenas Meg tem livre acesso a ela, e mesmo assim às vezes elas discutem.

Quando ela bebe além da conta e cai no rio, ela entende que seu vizinho tem todos os motivos para pensar que ela tentara se matar, mas ela não queria isso.
Ele oferece amizade, mas ela se nega. Com a chegada de Meg e seu jeito briguento (arrumando confusão com o xerife da cidade, pessoa que Amanda nem conhecia) e espevitado (forçando Amanda a ir se apresentar a seu vizinho gostosão), Amanda começa a sair um pouco da toca.
Quando elas brigam, fazem as pazes e Meg está pronta para partir, é que Amanda cai em si que realmente precisa tentar mudar.

Aos poucos ela o faz. Com a ajuda de Kevin, de Edward e de Liam, ela vai se soltando. Mas um novo sentimento começa a aparecer. Ela se sente diferente cada vez que encontra Liam e isso a perturba negativamente.
Seu casamento havia sido um fracasso; seu marido ao ver que o pai dela a havia renegado e ela não tinha mais acesso ao dinheiro dos Rachmaninov, tornara-se violento, e a tragédia terminou com incêndio e morte.
Dessa experiência, Amanda saiu jurando à pessoa que mais amava que nunca mais entraria em outro relacionamento. Mas ao ver-se tão à vontade perto de Liam, ela se julgava estar quebrando uma promessa e isso ela não poderia fazer.

Liam, por sua vez, escolhera a profissão de bombeiro ao presenciar a morte de alguém mais do que amado e não ter podido fazer nada. Desde então ele quis fazer a diferença na vida de outras pessoas.
Ao encontrar Amanda numa situação tão adversa, ele sentiu-se atraído mas viu que ela carregava em sua vida algo pesado demais e que não seria fácil granjear a confiança dela.

Devagarzinho eles vão se entendendo; e vão conhecendo seus segredos; e vão deixando que o sentimento bom entranhe em suas peles, mas ainda teriam de passar por uma última prova antes do derradeiro fim.

Enredo interessante.
O ritmo começa bom, mas mais ou menos do meio para o final, a narrativa começa a ficar um pouco arrastada. Só a curiosidade leva a querer saber como tudo vai acabar.
Personagens complexos.

A capa é bonita, em vez de focar num casal se beijando (ou quase se beijando), focou nos pés. A contracapa é mais bonita ainda.
Algumas páginas são negras, mudando um pouco o estilo da diagramação. Ficou legal e diferente.

Não gosto de histórias que me deixem perdida na localização espacial. Em nenhum momento a autora dá dica sequer de em que país a história se passa. Diz apenas que a mocinha vai para uma cidade do interior. 
Bom, há uma cena em que os personagens participam de um churrasco, e pela descrição, você jura que é um churrasco brasileiro (churrasco americano tem características muito próprias e peculiares). Entretanto, todos os nomes de personagens são estrangeiros. Então, a história se passa no Brasil ou fora?
Faltou um pouquinho mais de pesquisa - o bom e velho "dever de casa".



Outra característica, é o vício de linguagem. E aqui o nervoso bateu e ficou...



A personagem tinha o vício de falar "oi?"
Sabe aquele "oi" do tipo "como-é-que-é?" Pois é. Trocentas vezes. Teve páginas que me senti desligar da narrativa para começar a contar quantos "oi" tinha. 
Isso IR-RI-TA. Tira o foco da história total.      

E erro de continuidade. Numa cena o casal estava fora de casa, na varanda, e de repente alguém estava à porta tocando a campainha. Mas pera! ELES já não estavam na varanda? Como é que alguém está tocando a campainha e Amanda vai abrir a porta?



Bom, livro fofo; cara gato (mais um bombeiro para a lista); sem cliffhanger e como é série, há grande possibilidade de ter pelo menos mais dois casais formados nos próximos.
Próximo livro da série traz a história de Meg. Creio eu que o policial será aquele que irá dar paz ao coração dela...



3 estrelas.

Sobre a autora




*Livro cedido pela editora em parceria, em troca de uma resenha de opinião honesta.


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