Loretta Chase - O Último dos Canalhas



Ficha técnica: O Último dos Canalhas (The Last Hellion)
Autora: Loretta Chase
Editora Arqueiro
Lançamento original: 1998
Lançamento BR: outubro/2015
304 páginas
POV: terceira pessoa
Gênero: Romance de Época; Chick Lit; New Adult

Protagonistas: Vere Aylwin Mallory, 7° Duque de Ainswood, e Lydia Grenville
Local/ano: Inglaterra/1826;1828;1829

"O devasso Vere Mallory, duque de Ainswood, está pronto para sua próxima conquista e já escolheu o alvo: a jornalista Lydia Grenville. Só que desta vez, além de seduzir uma bela mulher, ele deseja também se vingar dela.

Ao se envolver numa discussão numa taverna, Vere foi nocauteado por Lydia e se tornou alvo de chacota de toda a sociedade. Agora ele quer dar o troco manchando a reputação da moça.

Mas Lydia não está interessada em romance, principalmente com um homem pervertido feito Mallory. Em seus artigos, ela ataca nobres insensatos como ele, a quem considera a principal causa dos problemas sociais.

Nesse duelo de vontades, Vere e Lydia se esforçam para provocar a derrota mais humilhante ao mesmo tempo que lutam contra a atração que o adversário lhe desperta. E, nessa divertida batalha de sedução e malícia, resta saber quem será o primeiro a ceder à tentação."


Mallory tinha um significado todo especial: ENCRENCA.
Todos os homens da família, e olha que estamos falando algo em torno desde o século 12, eram notórios canalhas, sem exceção. Mas com o passar do tempo, a família começou a "sossegar". O 4° duque tinha sido, então, o último deles, morto há uma década. Os que sobraram eram mais civilizados. Mas como sempre há a exceção, esta era o único filho do irmão mais novo do 4° duque.

Vere Mallory não era flor que se cheirasse, mas até então não carregava nenhum título. O deste seria Charles, um dos filhos do 4° duque. Ele e Vere eram como irmãos. Mas um tempo atrás, o tio de Vere, quem o criara como um filho, lhe falara que havia visto a morte de todos na família; de seus três filhos Charles, Henry e William. E o velho estava certo. Vere havia acabado de enterrar Charles e agora o duque era seu filho, Robin, de apenas 9 anos.

O menino, magoado com a vida por ter perdido o pai tão novo, joga-se em Vere com fúria, socando-lhe onde pudesse alcançar. E Vere nada fez porque ele mesmo fizera o mesmo com o tio quando perdeu os pais.
Robin era o pai escrito, e isso trouxe a Vere a lembrança de que Charles nunca o abandonara, a não ser quando morreu. E Vere faria o mesmo com Robin.
Durante os seis meses seguintes os dois aventuram-se por vários lugares. Como guardião de Robin e de suas duas irmãs mais velhas, Emily e Elizabeth, Vere poderia fazer com eles o que quisesse, mas ele sabia que o melhor era que os três fossem criados pela irmã mais velha de Charles, Dorothea.

Depois de muita insistência desta para que Vere trouxesse o menino de volta para que não se atrasasse sua educação - apesar de a própria Dorothea ter uma penca de filhos -, Vere o leva, prometendo voltar na data de seu aniversário de 10 anos.

Quis o destino mais uma vez levar um Mallory e Robin morre de difteria, com Vere ao lado segurando a sua mão...

Vere torna-se o 7° duque de Ainswood.
Ele não tinha uma residência fixa antes disso. Seu único criado, Jaynes, penava para manter seu patrão arrumado.  Vere parecia sempre ter passado sob uma manada. Sua gravata nunca estava no lugar, sua roupa estava amassada e seu cabelo sempre grande e desalinhado. Mas isso era dele, não do pobre Jaynes.
E quanto às mulheres... Ahhhh as mulheres para ele não serviam para nada, a não para o óbvio, e para isso só as prostitutas, que sabiam seu lugar e não lhe cobravam nada. Ele não suportava os grandes salões abarrotados de caça-maridos e virgens sem graça.

Vere tinha dois amigos de "crime" desde a época de Eton: Roger Barnes, visconde de Wardell (que havia morrido numa briga de bêbados) e Sebastian Ballister, 4° marquês de Dain, também conhecido pela alcunha de Lorde Belzebu (resenha de O Príncipe dos Canalhas aqui). Mas agora, Dain estava casado, e Vere já havia arrumado sua cota de confusão com Dain por ter achado que a esposa deste era uma cortesã.

Depois de deixar seu criado falando sozinho num dos locais em que costumavam comer, Vere segue para uma outra taverna, onde poderia terminar a noite enchendo a cara. Ao sair à rua, salva um cavalheiro de ser pisoteado por uma carruagem. Uma mulher "maluca" dirigia sem qualquer cuidado. Logo adiante, esta mulher para e gritando, segue uma outra num beco. Vere vai atrás.

A confusão se dava entre uma famosa cafetina, Coralie Bress, e Lydia Grenville, jornalista, que vivia escrevendo matérias que davam o que falar, como sobre a legalização da prostituição. Lydia estava ali para impedir que mais uma vez a cafetina praticamente sequestrasse uma menor, levando-a para o seu bordel e tonando-a em mais uma vítima da prostituição.
Vere se intromete na confusão, a cafetina foge sem levar a menina, mas o pior sobra para ele. Querendo bancar o esperto, ele não esperava que a Srta. Sem Papas na Língua se defendesse tão bem, e ele terminasse caído de bunda no chão depois de tomar um gancho no queixo.
A partir desse dia a vida social de Vere tornou-se um inferno. Toda aquela confusão fora testemunhada por pessoas da sociedade e por desclassificados. Seu nome era mencionado como motivo de chacota; apostas no White's eram feitas para saber quantos dentes ele havia perdido no embate; charges eram desenhadas diariamente.
A única pessoa que havia ficado ao lado de Vere e dito que ele fingira ser abatido pela mulher fora Bertie Trent, cunhado de Dain, o cavalheiro salvo de ser atropelado. Na verdade, segundo Dain, "o maior pateta do Hemisfério Norte", mas que acabava sendo "adotado" pelos amigos por causa de seu jeito de ser. E assim como Dain o fizera, era a vez de Vere ter Trent por perto.

Lydia era jornalista da revista Argus. Com a sua chegada à revista as coisas melhoraram, porque de fato a revista estava prestes a fechar, e, num ato de desespero, o editor contratara uma mulher.
Acontece que o sonho de Lydia era ser escritora, e de fato ela  o é; não que ela dê crédito àquele romance que sai a cada 2 semanas pela revista. "A Rosa de Tebas", escrito sob o pseudônimo de S. E. St. Bellau, era um sucesso de vendas. Pessoas se acotovelavam de manhã no dia de cada lançamento, e as aventuras de Miranda e Diablo eram exaustivamente comentadas.
Até mesmo Jaynes comentava sobre isso com Vere, não que ele estivesse interessado em ouvir, é claro.
Mas ninguém poderia saber que Lydia era St Bellau.

Após a morte de sua mãe, Lydia com sua irmã menor Sarah, conviveram com um pai que gastava o que podia - e não podia - em jogo e bebida. Era uma ator fracassado. Tudo dentro de casa desaparecia. Quando os créditos eram altos demais, eles se mudavam, até que os credores os encontraram. John Grenville acabou sendo mandado para a cadeia, com as filhas. Quando finalmente recebeu a liberdade, esta chegou tarde demais para Sarah, que morreu doente.
Quando tinha 13 anos, semi-analfabeta, ela encontra no fundo da caixa de costuras da mãe, um diário. Lendo de forma precária, ela descobre um pouco sobre o passado dela. Ao confrontar o pai, este a humilha e exige que lhe seja entregue o diário, que nunca mais é visto.
Pouco tempo depois, John Grenville deixa Lydia aos cuidados do tio, dizendo que ia à América e depois voltaria para buscá-la. Claro que ele nunca voltou.
Graças a um empregado do tio-avô, Quith, ela aprende a ler, História, Geografia, Matemática e a apreciar Literatura.
Ao ir sozinha para Londres, nos primeiros tempos penhoara os badulaques que levara do tio, sobrando apenas um relógio de bolso.

Agora, os tempos eram outros. Ela ganhava muito bem e tinha em sua casa duas empregadas, Bess e Millie, que foram salvas nas mesmas condições que Tamsin Prideaux, a jovem salva da cafetina.
Tamsin tinha 19 anos e tinha vindo da Cornualha, fugindo de uma mãe fanática religiosa opressora. Assim que desceu da carruagem e foi limpar os óculos da poeira, foi assaltada e aquela mulher, dizendo que iria levá-la ao magistrado para fazer queixa, estava levando-a para o outro lado da cidade, onde não poderia mais fugir.
Lydia contrata Tamsin como dama de companhia, porque era notório que esta era uma moça bem educada.

Os dias se passam e Vere, cansado de ser lembrado de seu vexame, decide que era hora da Srta.Górgona pagar pelo que fizera. Que melhor forma, na ótica de uma canalha, do que seduzi-la e sujar-lhe reputação?  

Ele passa a segui-la, saber o que faz quando não está trabalhando, o que anda aprontando por aí, e dessa forma, ele se vê em meio a uma aventura como há um bom tempo não vivia.

Enquanto andavam para cima e para baixo, tentando recuperar a joias perdidas de Tamsin, que haviam sido roubadas num golpe de Coralie, Lydia ainda tinha uma preocupação em mente: não deixar que o maior fofoqueiro da sociedade, Sellowby, descobrisse sua conexão com os Ballister.
Mas seu plano cai por terra numa tarde em que atraídos um pelo outro, resolvem que a situação seria decidida através de uma corrida de carruagem. Se ela vencesse, ele deveria doar uma certa quantia a instituições de caridade apontadas por ela; se ele vencesse, ela se casaria com ele. Ele tinha tanta certeza que venceria que já convidou os amigos para assistirem a corrida, com um padre a postos.

Como Duquesa de Ainswood, Lydia teria acesso as pessoas certas para fazer valer seu pedido de uma nova lei da polícia; teria dinheiro suficiente para ajudar as instituições que quisesse; seria bem recebida em todos os lugares. Em compensação, ela perderia sua liberdade; teria de deixar de trabalhar; estaria perto de Dain e Sellowby e seu segredo seria descoberto.
E mais do que isso, ela tornara-se um alvo do ódio da cafetina e a vida de quem mais lhe importava estava em perigo...





Os personagens principais são fortes; de personalidade desafiadora. Passam boa parte da história em brigas públicas e, depois, sempre querendo ver qual seria o vencedor, em disputas menores. Exatamente por isso definem a decisão de seus futuros numa corrida de carruagem, e na lua de mel, "entre tapas e beijos".

Lydia sofreu bastante após a morte de sua mãe, com a forma irresponsável de seu pai levar a vida, e tendo como consequência a morte de sua irmãzinha. Mais tarde, ela foi agradecida a Quith por ter transformado a vida dela com a educação.

Como toda mulher fora da nobreza, Lydia não via nenhuma vantagem em se casar. Tipos como Vere eram os mais desprezíveis, sempre tratando as mulheres como mercadoria.
Mas antes que estivessem plenamente juntos, no período em que Vere tomou como trabalho de fé seguir passos de Lydia para descobrir seus pontos fracos e, assim, seduzi-la, um passou a conhecer o outro lado que ambos queriam manter nas sombras. Vere não era tão sem preocupação assim em relação a pessoas menos favorecidas; e ele percebe que as lutas de Lydia, através de seus artigos na revista, tinham o seu mérito.

Com a aproximação de Dain, uma parte da história Ballister, que incluía Anne Ballister, mãe de Lydia, vem à tona. E se Vere, tão cansado de estar presente a velórios, não poderia trazer as pessoas amadas de Lydia de volta, ele poderia, pelo menos, trazer-lhe paz ao fazer a descoberta que mudaria uma história...

Loretta Chase é uma baita escritora e suas histórias são sempre carregadas de aventuras, personagens intrépidos, um lado de comédia e um final de fazer suspirar.
Claro que este aqui também merece 5 estrelas, por toda sua parte técnica.

Entretando, confesso, os personagens não me cativaram até que chegasse a pag 135.
Pois é, até então estava achando tudo meio enfadonho.
Talvez pelo fato de Vere ser um canalha sem causa; Ele o era porque os Mallory eram e ponto.
Dain, pelo menos, tornou-se canalha por causa de seu histórico de vida - o que não justifica, mas entende-se.
Vere era desaforado, tinha uma opinião hororrosa sobre as mulheres, e em alguns casos era quase um selvagem. E não porque ele não tivera educação adequada de um cavalheiro. Ele era canalha por opção, não por falta dela.

Quando exatamente as rusgas dele com Lydia tornam-se mais frequentes porque ele a persegue em todos os lugares, e a partir daí fica evidente a atração que sentiam, aí sim, a história toma um novo rumo.
Com certeza, Lorde Belzebu me arrebatou de primeira...

*Gravura>> Albert Slark
**Livro cedido pela editora, em parceria, em troca de uma resenha de opnião honesta.


  

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