(#3) Maratona Parcerias: Julia Quinn et All - Lady Whistledown Contra-Ataca

Ficha técnica: Lady Whistledown Contra-Ataca (Lady Whistledown Strikes Back)

Autora(s): Julia Quinn; Mia Ryan; Suzanne Enoch; Karen Hawkins

Editora Arqueiro

Lançamento original: 2004

Lançamento BR: novembro/2017  LANÇAMENTO

352 páginas

4 histórias (cada uma com média de 8 capítulos)

POV: terceira pessoa

Gênero: Romance de Época; Chick Lit; New Adult

Protagonistas: Lady Whistledown; Lady Neeley; Lady Hargraeves

Julia Quinn > Mathilda "Tillie" Howard e Peter Thompson

Mia Ryan > Isabella "Bella" Martin e Anthony Doring, Barão Roxbury

Suzanne Enoch > Charlotte Birling e Xavier, Conde de Matson

Karen Hawkins > Lady Sophia Throckmorton Hampton, Viscondessa Easterly e Maxwell Hampton, Visconde Easterly

Local/ano: Londres/1816

"Com a participação especial da famosa cronista da sociedade criada por Julia Quinn, Lady Whistledown Contra-Ataca é formado pelas narrativas curtas de quatro escritoras consagradas, tendo como fio condutor o roubo de uma pulseira milionária. Seus contos são como pérolas que se unem e formam uma peça de valor inestimável. 

Quem roubou o bracelete de lady Neeley?

Terá sido o caça-dotes? O apostador? A criada? Ou o libertino? Londres está fervendo com as especulações, mas, se ainda restam muitas dúvidas, pelo menos uma coisa é certa: um desses quatro está envolvido no crime.

Crônicas da sociedade de lady Whistledown, maio de 1816

Um belo caçador de fortunas foi enfeitiçado pela debutante mais desejada da temporada. Agora ele precisa provar que o que deseja é o coração da jovem, não o dote dela. 

Uma criada adorável e espirituosa está deslumbrada com as atenções românticas que tem recebido de um charmoso conde. Mas um relacionamento entre eles seria escandaloso e poderia arruinar a reputação dos dois.

Uma jovem inocente que passou a vida evitando escândalos de repente se vê secretamente cortejada pelo maior libertino de Londres.

Um visconde que vaga sem destino volta para casa para reacender o fogo da paixão de seu casamento, mas descobre que sua linda e decidida esposa não será conquistada tão facilmente."

Para começar a ler este livro você precisa saber que apesar de ter quatro autoras e que cada uma foca na história de um casal, o fio condutor é o mesmo: o roubo da pulseira de Lady Neeley em seu jantar.

Tudo aqui se passa entre maio e junho de 1816.

Os personagens interagem entre as histórias (preste atenção nos nomes porque eles voltam).

E no final, você fica extasiada em como essas quatro deram um show. Um livro escrito a oito mãos com começo, meio e fim impecáveis.

O PRIMEIRO BEIJO, de Julia Quinn

Os Howard eram conhecidos por seu cabelo ruivo (mm...Isso lembra alguém?)

Tillie Howard fora obrigada pelos pais a comparecer ao famoso jantar de Lady Neeley, cujo cozinheiro dava inveja a muitas pessoas.

Seu não entusiasmo se devia por ter perdido o irmão, Harry, há pouco tempo. E no jantar, vários soldados que conheceram-no estavam presentes, dando um misto de tristeza e nostalgia a ela.

Um deles, Peter Thompson, aproximou-se dela por um motivo bem justo (aos olhos dele): ele e Harry, que foram da mesma infantaria, haviam feito uma promessa de na falta de um deles, o outro tomaria conta da irmã mais nova.

Tillie queria saber sobre seu irmão; Peter era uma companhia agradável - além de ter uma ótima aparência. Mas ser considerada alguém que precisava de uma babá? Não, obrigada.

No entanto, para Peter, esta era apenas uma desculpa. Ele muito ouvira falar de Tillie por Harry (o que às vezes aborrecia Tillie pelo fato do irmão espalhar que ela tinha um dote para lá de alto). Quando a (re)conheceu, o fascínio só aumentou.

Mas quem era Peter?

Ele nao tinha nada a oferecer a uma moça como ela.

Segundo filho de um barão, seu irmão mais velho herdaria o título e o pouco que o pai deixaria.

Saindo do militarismo agora, seu pai achava que ele deveria entrar para o Clero, mas diferente de outros homens que aumentam sua fé frente à guerra, Peter não se sentia particularmente inclinado a falar sobre esse tipo de esperança.

Seu plano era viver tranquilamente no campo, cuidando de sua própria terra.

Antes, porém, ele precisava encontrar uma esposa com um dote para possibilitá-lo a isso.

Só que, ainda que estivesse atrás de uma moça com dinheiro, ele não queria ser reconhecido como um caça-dotes. E se ele mostrasse que estava interessado em Tillie, essa seria a primeiro coisa que diriam dele.

Até então, ele estava em sua caçada de forma discreta.

Entretanto, o jantar de Lady Neeley foi arruinado quando ela se deu conta de que sua pulseira de rubis havia sido roubada.

Lady Whistledown com sua pena afiada, ainda que não estivesse presente no jantar, passa as semanas seguintes destilando seu veneno em cima de cada convidado. E isso não livraria a cara do "caça-dote" Peter Thompson.

Indo contra seu bom senso - e parco bolso-, Peter passa a visitar Tillie diariamente.

Sabendo que ela era a mulher que ele queria, Peter propõe algo inusitado a Tillie que, magoada, vai embora. Agora, ele tinha dois problemas: a fama de caça-dote e o desprezo da mulher amada.

Como ele se sairia dessa sem ferir seus princípios e reconquistando a irmã do seu melhor amigo?

A ÚLTIMA TENTAÇÃO, de Mia Ryan

O jantar anual de Lady Neeley, com seu famoso chef francês, Christophe, guardava mais um segredo: tudo era orquestrado pela dama de companhia dela, Srta. Bella Martin.

Bella era um parente distante de Lady Neeley. Havia perdido seus pais, morava de favor, mas ela conseguia manter uma luz própria, uma alegria que é contagiante (mesmo para o leitor).

Bella tinha mania de rir de seus próprios pensamentos. Em voz alta. E isso intrigava Lord Roxbury.

Anthony Doring vinha sendo catequizado por seu pai, o conde de Waverly, há anos, uma vez por semana, sobre a necessidade de ter responsabilidade  em relação ao futuro e que deveria escolher uma noiva.

Acontece que Anthony estava mais do que feliz se envolvendo com viúvas e mulheres casadas e mal-amadas.

Quando seu pai lhe informa que deveria oferecer um baile para mostrar às jovens solteiras que ele estava disponível no mercado, e que este baile seria organizado por Bella, Anthony passa a ter contato com essa mulher interessante.

Bella estava prestes a fazer 30 anos. E nunca tinha sido beijada.

O primeiro contato com Anthony deveria ter causado um mal-estar (houve um mal-entendido), mas Bella levou a situação com leveza. E felicidade.

Decidem que o tema do baile seria japonês. Os dois vão ao museu, numa exposição sobre o tema, para pegarem algumas ideias. Anthony acaba por se irritar com ela e, para chocá-la, beija-a. A reação dela? Feliz, por ter sido finalmente beijada.

Tudo nessa mulher era real, e diferente. Até o seu cabelo diferia das outras mulheres, sendo curto e encaracolado. 

Ao ser questionada do porquê de tanta felicidade:

"Este momento nunca mais vai acontecer. Este segundo acabou agora(...) Alguns momentos são fáceis. São bons, divertidos e bonitos, e fico feliz com eles. Outros não são tão fáceis. Mas minha decisão é ser feliz durante os tempos difíceis, assim como nos fáceis. Não consigo controlar a maioria das coisas, mas posso controlar meus sentimentos. E quero ser feliz. Então encontro algo em cada momento que eu possa desfrutar." 

Por mais que Anthony insistisse de que era um homem sem escrúpulos, seus atos mostravam a Bella que ele era um perfeito cavalheiro (acho até que esse deveria ter sido o título escolhido).

A festa vem. A festa vai. E é um tremendo sucesso.

Bella decide começar seu próprio negócio como organizadora de festa, e tem o apoio de Lady Neeley e do conde de Waverly.

Mas, então, surge o problema: ela e Anthony estavam envolvidos. Mas como um nobre, ele não poderia se casar com uma mulher de negócios.

Ou poderia?

O MELHOR DOS DOIS MUNDOS, de Suzanne Enoch

Barão e Baronesa Birling têm uma filha de 19 anos, Charlotte.

A família sofreu um escândalo quando há doze anos, Sophia, prima de Charlotte, com apenas dois meses de casada, foi abandonada pelo marido, apontado como ladrão num jogo de cartas.

O dito marido partiu para a Itália e lá ficou durante todo esse tempo.

O escândalo abalou a todos, e o barão Birling, preocupado que o nome da família voltasse a ser citado de forma negativa, vigiava a filha com olhos de águia, e, assim, queria que agora que ela havia chegado à idade de casar, escolhesse Lorde Herbert Beety, um homem calmo e que nunca se envolveu em nada negativo.

No entanto, Charlotte achava Herbert enfadonho demais.

Com um novo escândalo na sociedade, o roubo da pulseira de Lady Neeley e a acusação que esta fizera a  Easterly, o marido de Sophia que voltara da Itália sem avisar a ela, os Birling estavam novamente com os nervos à flor da pele.

Prontamente, acreditaram que Easterly poderia ter algo a ver, afinal, ele havia roubado no jogo de cartas. Mas Charlotte o defendeu, e esta observação não passou desapercebida pelo conde de Matson, por isso, ele dá um jeito de se apresentar a ela.

Matson havia chegado a Londres há apenas três semanas, tendo herdado o título de seu irmão.

Antes, ele estava na mesma guerra que Harry Howard, mas voltou mais cedo, chamado por conta da tragédia familiar.

Depois de passar um tempo no campo, na propriedade da família tentando aprender a gerir os negócios, ele decide que era hora de ir a Londres, na temporada, para encontrar um noiva. O título agora era dele e sobre sua cabeça pairava a responsabilidade de dar continuidade.

O interesse por Charlotte cresce, mas ele precisava de mais informações. Ele convoca um primo, William Ford, Visconde Halloun, para um almoço no clube e, de quebra, para saber sobre uma lista de candidatas, quando, na verdade, ele queria saber sobre Charlotte.

William logo o desencoraja. Os Birling jamais deixariam que um homem com a reputação de Matson se aproximasse da joia deles.

Quanto mais os Birling admoestavam Charlotte a fugir de escândalo, mais ela parecia ter um ímã para eles. E Matson estava sempre envolvido, até que um certo passeio no parque cai na coluna de Lady W.

Charlotte bate pé firme que não quer Herbert, até então, o único candidato à mão dela. Mas com Matson na jogada, ela poderia passar a ser vista por outros, e não teria pressa de escolher.

Os pais concordam, mas dão um jeito de atrapalhar essa corte.

Matson e Charlotte estavam determinados a ficar juntos, e um encontro no Vauxhall selaria esse acordo.

Entretanto, eles ainda teriam de passar por cima da decisão intransigente dos pais dela, e qual deles viria com o melhor plano?

"- Você é um desafio. E, por favor, não me culpe por um monte de homens muito estúpidos terem olhado para você uma vez e a considerado desinteressante. Eu olhei para você duas vezes e vi o que você é.

- E o que eu sou?

- Minha."

O ÚNICO PARA MIM, de Karen Hawkins

E finalmente chegamos na história do homem que foi apontado como culpado do roubo da pulseira de Lady Neeley (que como pode ver, o crime ainda não foi solucionado).

Sophia e Max casaram-se jovens demais e muito apaixonados.

O pai dele havia perdido a fortuna da família quando Max tinha 16 anos, mas isso não impediu o enlace.

Mas, após apenas dois meses de casados, Max envolveu-se numa briga numa mesa de jogo. Seu cunhado, Richard, irmão mais novo de Sophia, estava presente.

Na confusão, Sophia posicionou-se ao lado do irmão, o que deixou Max magoado, e o fez partir.

Anos à frente a verdade veio à tona, mas tanto Max quanto Sophia eram orgulhosos demais para mudarem de atitude.

Oficialmente, Sophia ainda estava casada e era a Viscondessa Easterly. Sendo tão jovem, ela queria recomeçar sua vida, por isso, escreve para seu marido (que nunca havia  lhe respondido uma carta. Todos os assuntos financeiros eram resolvidos através de um procurador), pedindo a anulação do casamento. Caso ele não aceitasse, ela iria fazer um leilão de um antigo diário de um tio dele com segredos que envolviam a própria coroa.

ISSO sim, faz Max voltar da Itália e aparecer em pleno jantar de Lady Neeley.

Além do fator surpresa, Max conta com mais um aliado, John, Conde de Standwick, irmão de Sophia.

A princípio, Max volta a Londres para averiguar se Thomas Riddleton, considerado candidato a novo marido de Sophia, era bom para ela, mas depois que passa a encontrá-la, ele vê que seus sentimentos não diminuíram, e ele faria o possível para tê-la de volta.

Sentindo-se culpada por não ter apoiado o marido há doze anos, Sophia quer descobrir quem de fato roubou a pulseira de rubis de Lady Neeley, e limpar o nome de Easterly.

Max não está preocupado com o que pensam dele, mas acaba ajudando Sophia em sua investigação. E isso os aproxima, a desculpa perfeita para ele.

Sophia insiste na ideia da anulação.

Max fica devastado.

John só quer saber de comer.

Após o evento em Vauxhall, sucumbindo à paixão, eles acabam na casa de Max, e ali, Sophia descobre como Max pôde sobreviver ao longo daqueles doze anos, e que um estava mais presente na vida do outro do que poderiam supor...

imagem: Aleta Rafton

E nesse vai e vem de cenas, os casais vão se formando.

Tudo construído com muita maestria.

Das quatro autoras, a delícia da descoberta de duas delas, Mia Ryan e Karen Hawkins.

Das quatro histórias, a que menos gostei foi a da diva Suzanne Enoch. Não pela história em si, mas pela atitude dos pais da protagonista. Deram nos nervos, com falas repetitivas.  E achei a solução do caso simplista demais. As outras três acertaram no ponto quanto à narrativa, assim como nos diálogos engraçados.

Para mim, Isabella Martin é a personagem mais encantadora. Como eu disse, o otimismo e alegria de viver dela "pulam" das páginas.

O melhor casal? Acho que o último, porque a forma com que eles foram separados dói de ver, e a torcida para que tudo se resolva é grande. Eles mereciam o "felizes para sempre".

Um livro com ótimo ritmo e gostoso de ler. Stand alone, sem cliffhanger.

Pouco mencionei a principal personagem, Lady W. Bom, para quem leu a série dos Bridgertons, sabe quem é ela. É interessante agora, sabendo quem é, ver o seu M. O. (modus operandi). 

Cada capítulo começa com o trecho de "Crônicas da Sociedade de Lady Whistledown", soltando o verbo sobre tudo e todos.

E sobre a pulseira desaparecida? Digamos que poderia ter sido "o Coronel Mostarda com o castiçal na sala de música"... (para quem entendeu a referência).

Boa leitura e boa caçada.

As Autoras:

Julia Quinn

Mia Ryan aka Malia Martin

Karen Hawkins

Suzanne Enoch

*LIVRO cedido pela editora, em parceria, em troca de resenha de opinião honesta.

**Gravuras > Pinterest. A 4ª é de autoria de Aleta Rafton.