Lisa Kleypas - Um Sedutor sem Coração (Os Ravenels #1)



Ficha técnica: Um Sedutor sem Coração (Cold-hearted Rake)
Autora: Lisa Kleypas
Editora Arqueiro
Lançamento original: 2015
Lançamento BR: Fevereiro/2018
320 páginas
33 capítulos + epílogo
POV: terceira pessoa
Gênero: Romance de época; Chick Lit; New Adult

Protagonistas: Devon Ravenel, conde de Trenear, e Lady Kathleen
Local/ano: Hampshire; Londres/1875

"Devon Ravenel, o libertino mais maliciosamente charmoso de Londres, acabou de herdar um condado. Só que a nova posição de poder traz muitas responsabilidades indesejadas – e algumas surpresas.

A propriedade está afundada em dívidas e as três inocentes irmãs mais novas do antigo conde ainda estão ocupando a casa. Junto com elas vive Kathleen, a bela e jovem viúva, dona de uma inteligência e uma determinação que só se comparam às do próprio Devon.

Assim que o conhece, Kathleen percebe que não deve confiar em um cafajeste como ele. Mas a ardente atração que logo nasce entre os dois é impossível de negar.

Ao perceber que está sucumbindo à sedução habilmente orquestrada por Devon, ela se vê diante de um dilema: será que deve entregar o coração ao homem mais perigoso que já conheceu?"





E o conde de Trenear caiu do cavalo.
Literalmente.

Devon Ravenel, primo de Theo, acaba de herdar um título e propriedades caindo aos pedaços e cheias de dívidas.
Ao ir inspecionar a propriedade do título, Priorado Eversby, uma propriedade com uma história de mais de 400 anos, ele se depara com móveis e tapetes gastos, buracos no chão, nenhum banheiro dentro de casa (àquela época isso já era comum) e um número absurdamente alto de empregados sob sua responsabilidade. Isso sem contar que o falecido conde deixara esposa e três irmãs solteiras.
A viúva, Lady Kathleen, ainda teria direito a uma pensão pequena, mas suas irmãs sequer foram mencionadas no testamento.

Para Devon, que nunca se preocupou em ter um título - já que isso significa ter mais responsabilidades do que seus ombros eram capazes de aguentar - só havia uma solução: tirar tudo que ainda sobrara de valor e vender a propriedade.
Sobre as parentes que ele nem conhecia? Elas que se virassem!
Devon tinha total apoio de seu irmão mais novo, Weston (West).

Isso durou até que ele conhecesse a tal viúva.

Kathleen era muito mais nova - e bela - do que Devon poderia supor. Isso sem contar que ela também era dona de uma língua que poderia rivalizar com os maiores boxeadores do Jackson's.
Ela argumentava sobre tudo e desde o início ela julgou que Devon era um irresponsável, cheio de dívidas, mais interessado em dilapidar toda a história da família para liquidar suas dívidas, e que pouco se importava com seus parentes.

A verdade é que Devon tornou-se um devedor A PARTIR do instante em que herdou o título.
O embate entre eles era diário.
Devon é apresentado a suas primas: Helen, a mais velha, de 21 anos, e as gêmeas Pandora e Cassandra, de 19.
Nenhuma das três havia sido apresentada à Sociedade. Na época em que alcançaram idade para tal, a condessa viúva morreu, e elas tiveram de respeitar as regras do luto. Quando esta fase estava para acabar, o irmão mais velho morre.

Devon ainda não havia se simpatizado com a causa delas, até que Helen, a mais calma e conciliadora, menciona a ele que uma tempestade estava para chegar e Kathleen havia saído a pé para visitar um arrendatário doente. Isso não faria Devon mover um músculo, mas daí, Helen conta a ele o porquê de Kathleen agir como uma mulher sem coração, e sequer ter derramado uma lágrima pelo marido morto.

Penalizado, Devon decide ir pessoalmente buscá-la a cavalo, e foi daí que sua decisão quanto a tudo e todos mudou.

O problema era: onde arrumar dinheiro suficiente para arcar com as melhorias no condado?
E parecia que quanto mais ele queria ajudar, mais problemas surgiam.

Primeiro passo, Devon pede ajuda ao ébrio do seu irmão.
West tinha apenas 24 anos, mas já aparentava ser mais velho por conta de seu excesso de bebida. Ele era sedentário e sua aparência inchada mostrava o quão "amigo" do álcool ele era.
Ainda que West achasse que Devon ganharia mais se livrando de tudo aquilo, ele não pôde recusar o pedido do irmão.

Depois, Devon decide apresentar suas primas à Sociedade e dar-lhes uma chance de arrumar marido. Claro que ele teria de ajudar nesse quesito, pois, como as moças não tinham dote a oferecer, também não teriam candidatos caindo aos seus pés, mesmo sendo filhas e irmãs de conde. 

E, por fim, ele começa a fazer transações comerciais, com o advento da estrada de ferro a passar num trecho da propriedade dele. Sabendo negociar, ele lucraria com essa concessão.

Mas apesar de todas essas ideias a médio e longo prazo trazerem benefícios a todos, tudo sempre era contra argumentado por Kathleen.

Enquanto há todos esses embates, ao longo da história, o leitor fica sabendo da história de vida de Kathleen; como se deu o casamento dela com Theo; o fascínio que West passa a ter por questões agrícolas; o candidato a casamento para Helen e como, por conta de um acidente, Devon passa da imagem de um nobre inútil a um herói da criadagem.



Tudo começa com o pé esquerdo.
Devon herda um título que nunca quis ter, de um primo que nunca suportou. Com o título vem as dívidas, uma quantidade obscena de empregados e umas parentes as quais ele pouco podia fazer algo.

Primeiro pensamento? Livrar-se de tudo.

Quando ele e Kathleen, a então viúva, se encontram, o mal-estar é instalado, e Kath não dá chance a ele de se explicar. Baseado no que ela entreouviu, ela já decide que ele não é digno de confiança ou do título.
Demora um pouco até que ela caia em si de que fez o julgamento errado - e isso só porque ela ouviu a verdade, ou seja, a real situação do condado já nas mãos de seu finado marido, por um estranho.

Após isso, ela até se desculpa com Devon, mas seu comportamento continua sendo o mais irritante possível.

Ela questiona toda e qualquer decisão tomada por ele, mesmo depois de ele ter dito que não ia se livrar de nada, mas sim, precisava arrumar dinheiro para custear aquele elefante branco.

Quando ficam sabendo que Theo havia pego dinheiro emprestado do banco para cuidar da irrigação da terra, mas não usara o dinheiro para tal coisa e agora o banco estava intimando o novo conde, através da justiça, a cumprir o combinado, Devon pede a seu irmão que cuidasse daquele assunto.
West sabia tanto de agricultura quanto Devon, ou seja, nada!
Kathleen não concorda com a decisão tomada por Devon, mas, por incrível que pareça, West ficou fascinado pelo assunto, e passou a fazer pesquisa com os colonos, assim como com donos de propriedades vizinhas que usavam técnicas mais modernas de irrigação e plantio a tal ponto que mudou de comportamento quanto a bebida.

Quando Devon decide apresentar Helen a um candidato a casamento, Kathleen questiona pelo fato do mesmo não ser um nobre, mas um comerciante do país de Gales. Ainda que esse comerciante fosse excepcionalmente rico!

Quando Devon decide aceitar o acordo para que a malha ferroviária passe por sua propriedade, ela questiona o fato de que duas famílias teriam de ser realocadas.



Apesar de tudo isso, Devon acha-a interessante e fica cada vez mais apaixonado por ela.



Ok. Vocês já entenderam que achei a protagonista uma chata.
Qual o lado bom da história?
Tirando Kathleen? TUDO!

O enredo é muito divertido.
Devon, conhecido como um sedutor sem coração, mostra que se importa com as pessoas, tenta buscar a melhor forma possível para que tudo se resolva sem ter de dispor da tal propriedade histórica, sem se livrar de suas parentes que só davam despesa e sem despedir um empregado sequer.

West, que começa o livro como um assumido alcoólatra, dedica-se ao seu novo trabalho de um jeito que sequer vê graça em ficar em Londres, preferindo a traquilidade do campo.

As gêmeas Pandora e Cassandra são quase umas selvagens.
Acostumadas a viver livres no campo, até mesmo o linguajar delas não seria apropriado à cidade, o que cria diálogos engraçados à narrativa.

E por último, mas não menos importante, temos a irmã calada Helen e seu pretendente, Rhys Winterborne.
Eles formam o casal do próximo livro, mas a corte deles já começa neste aqui.
Infelizmente, por culpa de Kathleen - aff!!! Ela de novo!!! -, cria-se uma situação nada agradável entre eles, mas se há um próximo livro é porque tudo é resolvido da melhor forma, certo?

O ritmo do livro é ótimo. A autora, talentosíssima, sabe temperar o momento do assunto dramático ao cômico.
Não há cliffhanger para o casal principal e há gancho para o próximo livro.
A capa é outra preciosidade, belíssima. 

Esta é uma série que ainda está em andamento lá fora. Hoje, houve o lançamento do livro #4, com possibilidade de, pelo menos, mais 1 ou 2 volumes (dependendo da autora, se ela vai unir um certo casal ou preferir fazê-los encontrar pares diferentes).
Até o momento, estas são as capas para os próximos 3 livros:


4 estrelas. Desculpa, Lisa, mas sua mocinha foi realmente muito chata.

*LIVRO cedido pela editora, em parceria, em troca de resenha de opinião sincera
**Gravura > Jon Paul Studios, Instagram.

Considerações extras da Resenhista:

Ao longo da narrativa, o leitor encontra algumas agradáveis surpresas com o trabalho de pesquisa da autora.
Por exemplo, quando Devon se vê frente à nova herança endividada, a princípio ele pouco pode fazer porque tudo se encontra em morgadio.

Mais à frente, quando é decidido que as Ravenels solteiras teriam sua temporada em Londres, a autora traz algumas das regras do luto (lembra que no livro #3 das Quatro Estações do Amor, ela também comenta sobre a necessidade da viúva ter de usar roupa preta em crepe?).

E ainda tem um breve histórico - inclusive mitológico - sobre as orquídeas, já que Helen herdou da mãe o orquidário.

Mas o que mais me chamou a atenção ao longo da leitura, de uma forma preocupante eu diria, foi a semelhança de personagens/enredos neste livro para outros anteriores.

Na parte em que o leitor é apresentado a Rhys Winterborne, o pretendente de Helen Ravenel, ele é descrito como um homem grande, sem berço, com pouco traquejo social - ou, pelo menos, ele aprendeu apenas o básico para lidar com seu público alvo - e que fez sua fortuna a partir do zero. Mas que quando é colocado numa determinada situação na qual se sente acuado - e humilhado - age como um canalha.

Gente, numa só tacada eu consegui ver Kev Merripen (Hathaways 2), Harry Rutledge (Hathaways 3) e Sebastian St. Vincent (As Quatro Estações 2 e 3).
Para piorar, Helen é descrita como uma moça delicada, com os cabelos muito louros e, mesmo não sendo doente, é tão tímida que sofre de fortes enxaquecas quando se vê nervosa.
Uma outra Win Hathaway???



De qualquer forma, o casal em questão, para mim, se tornou mais interessante do que o casal principal do livro, e, por isso, estou esperando avidamente o lançamento do livro 2.
Esperando que a cafajestagem de Rhys consiga virar o jogo assim como Sebastian conseguiu de um livro para o outro, angariando uma legião de fãs.


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