J R Ward - The Thief (BDB #16)

Ficha técnica: The Thief

Autora: JR Ward

Editora Ballantine Books

Lançamento original: 09/abril/2018

Lançamento BR: ainda não

480 páginas

65 capítulos

POV: terceira pessoa

Gênero: Romance Fantasia contemporâneo

Protagonistas: Assail; Marisol Maria Rafaela Carvalho (Sola Morte); Vishous; Dra Jane Whitcomb

Local/ano: Miami, Florida; Caldwell, NY/atual

"Tendo se aliado ao Bando dos Bastardos, a Irmandade está comprometida agora mais do que nunca a erradicar a Sociedade Lesser. Recuperando-se de sua mais recente batalha contra o último dos lessers, a Irmandade percebe que a luta contra seus inimigos está longe de terminar.

Throe, ex-segundo em comando do Xcor, está usando um tomo antigo para invocar um novo exército projetado por uma força mais perigosa e maligna do que o Ômega.

E agora, os irmãos da Irmandade da Adaga Negra serão testados em casa e no campo de batalha." 

Continuação da série (resenhada por este blog)

Como agora temos uma outra série ligada à série original (O Legado da Irmandade da Adaga Negra), pode ser que um ou outro detalhe tenha se dado início ou sido mencionado em outro livro. Portanto, cuidado com spoilers nesta resenha.

O método de narrativa da autora já é conhecido: ela coloca a história principal (o romance e drama), e leva um casal secundário a viver o mesmo. Isso, claro, além do lado do antagonista.

Neste livro aqui temos exatamente isso.

De um lado "do ringue", temos o casal Assail e Sola. Do outro, V e Dra Jane.

Para fins didáticos, vou separá-los por temas.

Assail e Sola

Pelos livros anteriores, sabemos que Sola foi embora de Caldwell, com sua avó brasileira. Foram morar em Miami, Florida, numa área cheia de latinos. 

Estavam lá por um ano, quando ela recebe a visita dos primos gêmeos de Assail, Ehric e Evale, pedindo que ela voltasse para Caldwell com eles porque Assail estava morrendo de câncer, e precisava ter algum motivo para lutar pela vida.

A princípio Sola não quer ir, considerando Caldwell perigosa demais para ela e a avó, mas esta, teimosa como era, depois da partida dos gêmeos, pega Sola de surpresa ao aparecer com toda bagagem pronta para a viagem de retorno delas.

Sabemos que Assail não estava com câncer. Ele sofria de demência por intoxicação de cocaína (um traficante que se torna seu principal cliente é no mínimo burrice, mas continuemos...).

Dra. Jane e Dr. Manello já tinham feito todo o possível para salvá-lo. Ele estava há meses internado na clínica da mansão da Irmandade, tinha dores e pesadelos horríveis, e gritava. Nos últimos dias, ele estava sendo monitorado por aparelhos, mostrando-se inconsciente, e tudo levava a crer que suas ondas mentais estavam extintas.

Ao ser levada à clínica, acompanhada por um dos gêmeos e Rhage, a primeira impressão que Sola teve de Assail foi a de que ele estava realmente com o pé na cova. Extremamente magro, a pele translúcida e sem cabelo algum (numa das crises, ele gritara de que havia bichos em sua cabeça e só sossegou quando teve o cabelo raspado e viu, através do espelho, que não havia nada em sua cabeça).

Ela passa a falar com ele e, imediatamente, os sinais vitais voltam. Na verdade, ele tem uma convulsão - que logo é estabilizada -, e ele acorda.

Recebe a visita de uma das Escolhidas - Ghisele - para alimentá-lo. A partir daí, sua melhora se mostra a olhos nus.

Com pouco tempo, Assail é liberado para voltar para a própria casa, onde Sola e sua avó estão hospedadas.

Além deles, lá vivem os gêmeos e o escravo de sangue libertado por Assail e Z, Markcus.

O casal começa a se reconectar. Voltam a fazer sexo (lembrando que toda vez que um vampiro se alimenta, ele fica para lá de excitado) e passam a compor uma família meio bizarra.

Vovó Carvalho é uma mulher que considera a alimentação o principal meio de se mostrar que ama alguém, com isso, ela não faz outra coisa a não ser alimentar todo aquele povo.

Muito católica, ela faz questão de ir à missa e levar Assail com ela. Como ele tem "alergia ao sol", eles vão à missa das 23h30, na Catedral. O passo seguinte da senhora, segundo a própria neta, é que Assail se converta.

Tudo poderia seguir linda e maravilhosamente bem, mas um porém enoooooooorme: Sola ainda não sabe que Assail não é um humano.

Ele sabe que vampiros e humanos devem se manter longe, no que diz respeito a relacionamentos duradouros, mas se for o caso do humano saber e aceitar, ele terá de abandonar completamente seu convívio com outros de sua espécie.

Será que Sola - e mais ainda, sua avó ultra católica - iriam aceitar conviver numa casa cheia de vampiros (considerados criaturas das trevas)?

Bom, a avó de Sola tem um colapso. A neta fica apavorada porque a mulher está ilegal no país e se for para um hospital pode ser deportada. Obviamente, ela é levada à clinica da Irmandade (isso aqui ta quase virando um SUS...). Descobre-se que, apesar da idade, a senhorinha está com tudo em cima, mas por trabalhar demais (não sai da cozinha), está desidratada e com falta de vitaminas.

O grande lance aqui nem é muito o estado da avó, mas é aqui que Sola finalmente descobre quem - ou o que - é Assail.

E mesmo com toda ajuda que ele já deu; mesmo o casal já tendo se declarado um ao outro...o que ela faz?

Surta.

Agora, é pesar na balança: ficar ou não?

Num ato de desespero, ela quer arrancar a avó de qualquer forma da clínica, para fugirem - Meu Deus! Estão cercadas por eles!! -, mas o que a avó faz com ela?

Amém pra vovozinha!

E como não é boba nem nada, aproveita seu estado de saúde delicado para fazer Assail jurar que vai casar com Sola e protegê-la.

Para dar um pouco mais de suspense ao outro casal, vamos aos...

Antagonistas

Voltando no tempo, na época em que Sola ainda trabalhava "pro lado negro da força", em Caldwell, ela havia se envolvido com um negociador de arte - e traficante de armas -, Ricardo Benloise. Ele e seu irmão, Eduardo, vindos da Colômbia, haviam feito fortuna com o tráfico, mas lavavam o dinheiro através da galeria de arte.

Como Assail e os primos os mataram - em livro anterior -, aqui aparece a irmã deles, Vitoria.

Com quase um ano sem ter contato dos irmãos, Vitoria vai a Caldwell averiguar o que aconteceu. Era certo que eles haviam sido aniquilados, mas por quem e por quê?

Esta é uma vilã de peso. Bonita e esperta, se faz de ingênua para conseguir informações, inclusive do ex-parceiro na polícia de Butch, Detetive de la Cruz. Mas é uma fingida manipuladora, e ótima atiradora. Ela sai matando todas as pessoas que podem atrapalhar em sua investigação ou na continuação das negociações dos irmãos.

Enquanto Vitoria é a antagonista do casal principal, temos o antagonista de toda Irmandade.

O Ômega parece que tirou férias, junto com a irmã, a Virgem Escriba, e não "bate o ponto" no trabalho faz tempo.

Ah sim, a Sociedade Lesser continua a atacar aqui e acolá.

Mas o novo inimigo da Irmandade se chama Throe.

Ex-bastardo e tendo sido criado numa família da Glymera, Throe quer dar um jeito de ser o novo herói nacional, no mundo vampírico. E para isso ele já tem um plano traçado.

Com a ajuda de um livro de feitiços que apareceu misteriosamente para ele, ele conseguiu criar uma espécie de soldado. Uma SOMBRA.

O único problema nessa criação é que ele não consegue fazer muitos ao mesmo tempo, tem de ser um a um, mas esse um é capaz de fazer um estrago, principalmente porque se locomove sem que ninguém veja - como a sombra que é - e balas de revólver atravessam seu corpo.

Mas houve um ataque a V, Butch e Phury - e V foi atingido pela Sombra - que as balas de V, de alguma forma, atingiram o inimigo e ele explodiu como um balão de festa. A diferença dele para os lesser é que não havia cheiro, sangue ou sujeira. A Sombra simplesmente desapareceu.

Mais adiante, num ataque de uma outra Sombra, dessa vez a civis, acontece algo muito estranho.

À primeira vista, parece que o civil morre, mas pouco tempo depois a vítima retorna.

Uma nova versão de The Walking Dead?

Sim, pela própria ótica da Dra. Jane, os vampiros civis se tornariam zumbis.

Lembrando que V havia sido atacado... Ele também se transformaria, lentamente, num zumbi?

V e Jane

Apesar de este ser o casal secundário, admito que a história deles foi muito mais interessante para mim.

Desde o início da série, sabemos o que acontece a um macho vinculado. Tem o lance do cheiro de especiarias que ele exala para "marcar" a parceira como sua e que ele, normalmente, não quer ter mais nada com mulher alguma.

Por que eu disse "normalmente"?

Porque não há nada na Antiga Lei que proíba o macho de ter várias mulheres. Na verdade, essa prática de ter apenas uma veio a partir do pai de Wrath, também chamado Wrath, mas que não era cego. Todos os atuais Irmãos seguiram esse padrão.

Mas leitora que é leitora torce para que o casal tenha seu 'felizes para sempre', e ainda que a gente não tenha visto necessidade da tia Ward matar a Jane e a Virgem Escriba trazê-la de volta como fantasma, gostamos do casal junto e FIEL.

Bom, já há algum tempo o casal está tendo sérios problemas no relacionamento.

Os dois trabalhando além da conta.

É sabido também que V tem gostos, digamos, peculiares na área sexual. E ele ainda mantém a sua cobertura no prédio Commodore, totalmente montada para a prática sadomasoquista.

Com o afastamento do casal, ficamos no suspense ao ver, num livro anterior, V reativar seu e-mail no qual recebia as ofertas para esse tipo de sexo.

BOMBA: ele marca com uma mulher e vai até lá.

O pior é a forma como Jane descobre esse delito dele, vai até o Commodore e o pega sem camisa... Mas essa cena eu vou deixar que você leia e descubra como foi.

Agora, temos um casal, um magoado com o outro, cada um com sua razão e sua culpa.

Teremos o primeiro divórcio na Irmandade?

Enquanto o lado emocional deles está em xeque, como Jane foi praticamente interditada por Manello, por trabalhar em excesso - segundo ele, ela está com o humor de "libertem o Kraken!" -, ela e V se juntam na caçada para descobrir sobre a tal Sombra.

É Jane quem dá a ideia de procurarem as Escolhidas e, depois, a Diretrix (Amalya), no Santuário, para saberem se há algo nos antigos livros que fale sobre esse tipo de inimigo.

Elas não sabiam de nada, mas numa das salas de tesouro, no Santuário, V vê um espaço vazio onde deveria ter algum livro.

Em noites de trabalho, toda vez que qualquer Irmão sofre um ferimento, Jane a Manello estão a postos para irem até lá com a ambulância. Numa dessas noites, Jane se vê no meio do fogo cruzado entre Phury e um lesser, e, de forma automática, ela se coloca corpórea entre os dois para proteger Phury, e é ela a atingida pelas balas. Ao correr para alcançar a esposa, V acaba tendo nas mãos as balas atiradas, pois, o corpo dela desaparece.

Mas ela já é um fantasma, como pode morrer?

Bom, parece que não vai ser preciso um divórcio, já que ele deve ficar viúvo...

Além dessas histórias que se entrelaçam, ainda temos mais dois detalhes que são importantes para livros futuros:

Primeiro, é a menção de uma mestiça que está prestes a fazer sua transição.

Jo Early não sabe de seus antepassados. Tem se sentido mal (lembra do mal-estar que a rainha Beth sentia antes da transição?) e sua vida já anda esbarrando com o mundo vampírico porque ela criou um blog no qual traz matérias e videos de ataques deles. Na verdade, são videos da luta dos Irmãos X lessers.

V está sempre monitorando a internet e deletando esse tipo de propaganda, que eles não querem. E como essa civil logo irá precisar de ajuda na transição (e de um vampiro macho para alimentá-la), logo ele terá de informar a Wrath sobre ela e, provavelmente, trazê-la à mansão.

Cenas dos próximos capítulos do quão importante essa menina pode se tornar.

Segundo, a morte do primeiro civil pela Sombra levou, a mando do rei cego, que Saxton pesquisasse quem era. Descobriu-se que era Whinnig, e que ele havia acabado de herdar de um tio, irmão de sua mãe, várias propriedades e tesouros.

Esse tio era um vampiro de idade avançada casado com Naasha que, por sua vez, era amante de...Throe.

Já sabemos que Throe mandou a Sombra matar o velho, e Naasha foi morta por Assail quando este vê que ela mantinha um escravo de sangue (Markcus).

O primeiro herdeiro era Whinnig. No caso de sua morte, a herança iria para o herdeiro seguinte que era...

Que rufem os tambores!!!

Murhder!!!

Acontece que Murhder já havia feito parte da Irmandade, mas há alguns anos era um total recluso, considerado maluco até. Foi removido de seu trabalho como guerreiro exatamente por ter "perdido a razão".

Pela lei, ele tem de ser notificado. Como é da velha guarda, nada de e-mail ou celular. Então, cabe a Saxton, acompanhado de Ruhn, ir até a casa dele.

Murhder os recebe de forma nada agradável e também não quer saber de herança alguma. Ele teria, então, de assinar um documento abrindo mão da herança. Ele aceita com uma condição: que o rei cego vá vê-lo.

Cenas dos próximos capítulos...

E a autora já disse que o nome do próximo livro é THE SAVIOR, e que o personagem principal é Murhder.

Considerações sobre o livro

Este não foi um livro que esperei com ansiedade por causa da personagem principal, Sola.

Desde o livro que ela apareceu pela primeira vez, minha simpatia por ela foi zero. Continuo achando que Assail merecia mocinha melhor.

=> Quando ela descobre sobre o que ele é, o surto dela foi grande. Exagerado? Talvez. Para uma pessoa que já vinha convivendo com vários vampiros e também já tinha morado com Assail e os primos, ela sabia que, para ela e a avó, eles não eram perigosos, por isso que, apesar de a notícia ser realmente chocante, achei exagerada a reação dela.

=> Sobre a nacionalidade da avó.

Gente, a Ward fez um balaio de gato nisso aqui.

Desde o outro livro, ela pediu ajuda às leitoras de como era grandmother em português, porque a avó, Sra. Carvalho, seria uma personagem brasileira.

Mas Ward insiste em colocar em vários trechos que elas falam espanhol.

=> Num trecho em que ela descreve um lauto jantar preparado para Assail e os primos, a mulher cozinhou sopa de fubá, feijoada, pão de queijo e, de sobremesa, banana com queijo - que ela traduz para "banana pudding".

Ok, tia Ward, valeu a homenagem, mas NÃO COMBINAAAAAA 

Você vai dizer: ahhhh, mas eles são vampiros, aguentam comer essas comidas pesadas à noite.

Tudo bem que eles aguentam (mais adiante tem até uma cena em que Sola se assusta ao ver os gêmeos comendo pimenta malagueta como se fosse jujuba). A questão é que a senhora é apresentada como uma baita cozinheira, ela saberia preparar uma refeição com pratos que combinassem. Parece que ela jogou no Google "culinária brasileira" e saiu copiando os nomes de qualquer jeito.

Pesquisa, tia Ward. Faltou pesquisa.

=> Sobre o novo inimigo.

Ele é obra de um feitiço.

Depois que V menciona a Phury, o Primale, sobre o desaparecimento de um livro do Santuário, Phury conta aos Irmãos que aquele era um livro de feitiços poderosíssimo e estava guardado escondido na sala de tesouros porque ele não pode ser destruído. A cada página destruída, o feitiço torna-se realidade.

Agora é descobrir quem tinha acesso ao Santuário e repassou o livro para Throe, e por quê.

E sobre o inimigo ser uma Sombra, bom, nada contra. Isso torna tudo muito mais difícil para detectá-lo e vencê-lo, mas o nome em si pode dar confusão com a raça de Trez e iAm.

E sobre vencer a Sombra, neste livro aqui já há um vislumbre de como atingi-la. V tem um plano para retardar o processo zumbi entre os civis.

=> Sobre o aparecimento de outros personagens.

Praticamente nulo. Estou até achando muito estranho Torhment ser o segundo em comando e não dar as caras já há um bom tempo.

=> Rhage e suas citações cinematográficas.

A escolhida da vez é MOANA.

=> Lassiter.

O que a autora fez com Lassiter???? Meudels!! Ele está infeliz, um morto-vivo desde que tomou o lugar da Virgem Escriba...

SURPRESA??? Eu disse que aqui tinha spoiler.

E esse é um segredo de Estado. Até então, só a Layla sabia (foi dito no final do livro A ESCOLHA). Nem V estava sabendo, apesar de ele ser o filho da Virgem Escriba.

Muito chato. Lassiter brilha, mas não é brilhante.

Por conta disso, não há tantas partes engraçadas no livro. A parte que mais chega próximo a isso é em relação a V e uma certa calça de pijama do Meu Querido Pônei.

=> Boo.

Eu disse que esse gato ia se tornar importante à trama.

=> Diretrix? Cadê ela?????

=> Edição brasileira*.

A editora fez uma enquete para as leitoras escolherem o título e a capa. Não sei qual capa virá (ainda estão pedindo que seja a capa original), mas o título escolhido foi A LADRA. E assim como A BESTA (também escolhido em enquete), eu não concordo com a escolha.

Os livros - e seus respectivos títulos, salvo o livro de Payne - são direcionados aos personagens MASCULINOS, os Irmãos, ainda que Sola tenha sido sim uma ladra e tenha "roubado" o coração de Assail.

Há o próprio Assail que era traficante de drogas e negociava armas para a Irmandade. Mas ligado ao passado de Sola, o que a fez ser quem é, há o PAI dela, que era um ladrão e ensinou a ela como se dar bem, roubando.

Mas o que importa é ter a edição traduzida, certo?

O próximo livro sim, está na minha lista de expectativas, independente de quem será a parceira para ele (a nova transformada Jo Early ou a Escolhida, Ghisele?)

Sendo super ultra mega fã da série, eu tinha que ler o livro, ainda que tenha demorado um pouco mais.

O livro poderia ter sido menor se ela não tivesse dado tanta ênfase a uma personagem que no final tem o fim daquele jeito.

A não ser pelo aparecimento de Murhder (nos 45 minutos do segundo tempo), este livro não foi lá essas coisas.

3,5 estrelas.

*Editado pela resenhista:
Abaixo, a capa final postada pela editora brasileira.