Mary Balogh - Uma Proposta e Nada Mais (Clube dos Sobreviventes #1)



Ficha técnica: Uma Proposta e Nada Mais (The Proposal)
Autora: Mary Balogh
Editora Arqueiro
Lançamento: 05/março/2018
272 páginas
Prólogo + 24 capítulos
POV: terceira pessoa

Protagonistas: Gwendoline Grayson, Lady Muir, e Hugo Emes, Lorde Trentham
Local/ano: Londres; Dorsetshire; Cornualha/alguns anos após as Guerras Napoleônicas.

Após ter tido sua cota de sofrimentos na vida, a jovem viúva Gwendoline, lady Muir, estava mais que satisfeita com sua rotina tranquila, e sempre resistiu a se casar novamente. Agora, porém, passou a se sentir solitária e inquieta, e considera a ideia de arranjar um marido calmo, refinado e que não espere muito dela.

Ao conhecer Hugo Emes, o lorde Trentham, logo vê que ele não é nada disso. Grosseirão e carrancudo, Hugo é um cavalheiro apenas no nome: ganhou seu título em reconhecimento a feitos na guerra. Após a morte do pai, um rico negociante, ele se vê responsável pelo bem-estar da madrasta e da meia-irmã, e decide arranjar uma esposa para tornar essa nova fase menos penosa.

Hugo a princípio não quer cortejar Gwen, pois a julga uma típica aristocrata mimada. Mas logo se torna incapaz de resistir a seu jeito inocente e sincero, sua risada contagiante, seu rosto adorável. Ela, por sua vez, começa a experimentar com ele sensações que jamais imaginava sentir novamente. E a cada beijo e cada carícia, Hugo a conquista mais – com seu desejo, seu amor e a promessa de fazê-la feliz para sempre.




Já são vários os livros que lemos cujas histórias/romances se passam em plenas Guerras Napoleônicas.
A série desta mesma autora lançada anteriormente, os Bedwyns, inclusive traz esse período e algumas descrições dos horrores que aconteciam.

No entanto, nenhuma outra série trouxe as sequelas de quem vivenciou de perto esse horror (pelo menos, nenhuma que eu tenha lido).

Esta série aqui se trata exatamente isso.

Seis pessoas. Cinco homens e uma mulher. Estes são os sobreviventes dessa guerra.
Trazendo ferimentos no corpo e na alma, eles se conheceram quando passaram um período muito longo de recuperação na propriedade de George Crable, o Duque de Stanbrook.
Este não foi pessoalmente à guerra, mas perdeu um filho muito jovem nela.
Ele, então, tomou para si a responsabilidade de cuidar de outros, e desse convívio uma grande amizade nasceu.

Ao longo da leitura deste livro, ficamos sabendo de algumas sequelas e/ou o que estes sobreviventes têm (logicamente, cada livro trará mais detalhes), mas vamos apresentar os participantes:

Flavian Artnott, Visconde Ponsonby (é gago)
Ralph Stockwood, conde de Berwick (tem uma enorme cicatriz no rosto)
Imogen Hayes, lady Barclay (foi feita prisioneira, e viu o marido ser torturado e morto)
Vincent Hunt, Lorde Darleigh (o mais jovem do grupo. Cego)
Benedict Harper (sofreu ferimentos severos nas pernas e anda com muletas. O médico queria amputá-las, mas ele se recusou e voltou a andar, mas ainda com grande dificuldade)

E temos o protagonista deste livro, Hugo Emes.
Hugo não nasceu nobre. Recebeu o título como condecoração por heroísmo, mas, na verdade, ele sequer imaginava que iria sobreviver.

Ele chefiou uma missão suicida e o mais certo era de que ele e seu grupo de homens não voltariam. Mas ele voltou. E apesar de não ter cicatrizes externas, ele as carrega na alma.

O grupo, depois de recuperado, passou a se encontrar 1 vez por ano na casa de campo de George.
Como Hugo não pôde ir no ano anterior por conta da morte de seu pai, ele estava ansioso para encontrar os amigos. E, também, porque ele vinha pensando em conversar com eles sobre a possibilidade de encontrar uma esposa.

Tendo herdado uma fortuna, Além da madrasta e a meia-irmã para cuidar, Hugo sabia que uma esposa o ajudaria a lidar com essas questões de traquejo social, coisa que ele possuía nenhum. Hugo era direto em suas palavras, se passava por grosseirão, e estava sempre carrancudo.

Ao contar para eles o seu plano, num jeito peculiar à amizade deles, foi dito que ele deveria encontrar a primeira solteira, jogar-lhe na cara o quão rico era e, simplesmente, pedi-la em casamento.

Isso quase aconteceu...

Gwen estava hospedada na casa de uma amiga, Vera Parkinson, próxima à casa do duque. Com o passar dos dias, Gwen percebe que a única coisa que tinham em comum era que ambas eram viúvas.
Vera era uma pessoa difícil de lidar, sempre reclamando da vida.

Após terem se desentendido, e Gwen ter saído para passear pela praia, ela acaba se machucando ao escorregar e é ajudada - melhor dizendo, carregada! - por ninguém menos que o homem que havia saído para encontrar uma esposa.

Depois disso, a interação entre o casal vai de muito engraçada ao fiasco total.

Gwen era viúva já há algum tempo e havia voltado a morar com a mãe. Sua família se preocupava com ela.
A princípio ela não se mostra disposta a mudar sua condição, mas quando a ideia começa a lhe bater, ela conhece Hugo.

Definitivamente ele era um homem diferente.
Não era nobre e há até bem pouco tempo, ele tinha total desprezo por eles. Suas amizades são poucas e leais. Prima pela sinceridade sempre e, apesar de não ter muitos motivos para rir, consegue enxergar em Gwen mais do que apenas a possibilidade de ser uma esposa ajudadora; ela poderia ser aquela que iria com ele transpor algumas portas em busca do autoperdão e felicidade.

"Sentir-se culpado quando não há erro indiscutível é muito perigoso."

"Quando nos sentimos como ovos podres, não queremos que ninguém quebre a casca, para o bem dos outros."

A história é rica de detalhes a que se propõe. Mostra pessoas feridas; traz a possibilidade de um romance (o cortejo desajeitado e inseguro que o torna mais charmoso); revela segredos e ainda faz o leitor pensar sobre a importância da empatia, além de querer torcer por dias melhores a cada um dos personagens.

A maestria da autora está em trazer assuntos tão pesados de forma a querer que o leitor queira virar uma página após a outra. Há a introspecção, mas não um sofrimento.
Não se engane. O romance pode ter um final feliz, mas o seu ganho em lê-lo vai muito além disso.
Muito inspirador.


*LIVRO cedido pela editora, em parceria, em troca de uma resenha de opinião honesta.


a autora



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