[Resenha] Tessa Dare - Um Casamento Conveniente (Girl Meets Duke #1)




Ficha técnica: Um Casamento Conveniente (The Duchess Deal)
Autora: Tessa Dare
Editora Gutenberg
Lançamento original: 22/agosto/2017
Lançamento BR: 2019
256 páginas
32 capítulos + Epílogo
POV: terceira pessoa
Gênero: Romance de Época; New Adult

Protagonistas: Emma Gladstone e George Pembrook, Duque de Ashbury "Ash"
Local/ano: Londres/??

Com metade do rosto marcado e desfigurado pela guerra, não foi só a aparência do Duque de Ashbury que sofreu mudanças: a rejeição e o olhar de desprezo das pessoas mutilaram também o seu interior. E, já que precisa viver às sombras da sociedade, ele decide que passará seus dias perambulando por Londres durante a noite para assustar todos que cruzarem seu caminho.

Mas o tempo passa, e em posse de um grande título, o duque sabe que precisará cumprir o dever de conseguir um herdeiro para seu ducado. Para isso, só existe uma regra: encontrar uma mulher que aceite um casamento de conveniência, lhe dê um herdeiro e desapareça de sua vida.

Quando Emma Gladstone, uma costureira, aparece na casa de Ashbury para exigir o pagamento de uma dívida, ele vê ali uma grande oportunidade de acordo e lhe faz a proposta de casamento. Mas o duque deixa claro que, assim que Emma engravidar, ela deverá partir para o interior e sumir para sempre.

Ele precisa de um herdeiro. Ela precisa de um bom casamento. Os dois estão dispostos a tudo, desde que não envolva seus corações. Mas será que o amor cabe nas entrelinhas de um contrato?




O livro que abre a série 'Garota Encontra Duque' vem inspirado com cenas deliciosamente engraçadas e que podem surpreender o leitor mais assíduo dos romances de época.

Tudo pode começar mais ou menos igual, como é o caso de Ash, Duque de Ashbury, que carrega o estigma de ter sido abandonado pela noiva, amigos e até alguns serviçais por conta de sua aparência.
Infelizmente, ele sofreu demais na batalha e, por isso, o lado direito de seu rosto, da têmpora aos lábios, apresenta cicatrizes e marcas de queimadura. E não era para menos; após ter escapado das chamas, da faca do cirurgião - que já foi dito em outros livros que muitas vezes fazia a cirurgia sob efeito de álcool -, ainda sofreu pela febre e supuração. Ou seja, não era nada bonito de se olhar.

Mas numa tarde, ele foi surpreendido pela visita de uma mulher querendo lhe cobrar uma dívida.
Na verdade, a dívida nem era dele, mas sim de sua ex-noiva, Annabelle Worthing.
O vestido era medonho demais, e a mulher, a costureira que o havia feito, estava desesperada precisando do dinheiro do trabalho feito, cuja cliente havia abandonado tudo, incluindo o noivo.

Emma era costureira há seis anos de Madame Bissette. Precisava do dinheiro para pagar suas dívidas pessoais, como o aluguel, já que ela preferia engolir todas as agulhas da patroa a voltar a viver com seu pai em Hertfordshire.

Ash ficou intrigado com aquela mulher, num vestido pavoroso, e depois de baterem boca por algum tempo, ele cede ao pedido dela, porém, ele queria o vestido que estava pagando.

Você acha que Emma se faria de rogada? Imediatamente ela prefere ficar em roupas de baixo a perder o pagamento.
Foi quando Ash se tocou de que se ela estava até mesmo disposta a se despir na presença de um completo desconhecido, o grau de desespero dela praticamente beirava ao dele.

Como duque, Ash sabia que precisava providenciar um herdeiro, mas que mulher em sã consciência iria querer se deitar com ele? Apenas uma muito necessitada de dinheiro.

A princípio Emma pensa que o nobre enlouqueceu ao lhe fazer a oferta de casamento.
Ela seria uma mulher muito rica, teria uma propriedade no campo só para ela e a criança e ostentaria o título de duquesa! Mas Emma não aceita.

Emma havia sofrido uma injustiça quando ainda contava com 16 anos. Pega numa situação comprometedora em sua cidade, o homem em questão negou-se a se casar com ela, alegando que já tinha compromisso firmado com outra mulher. E o pai dela, o vigário, ao invés de ficar ao lado dela, preferiu expulsá-la.
Sozinha, ela decidiu começar a vida em Londres, e no frio, andou por vários dias, até chegar na cidade e conseguir trabalho de costureira.

Uma de suas clientes, Srta. Davina Palmer, encontrava-se numa situação embaraçosa depois de se entregar para um artista que a havia abandonado. Ela não queria contar para o pai o seu erro com medo de ser banida. Com isso, Emma resolveu que poderia ajudá-la, se aceitasse a estranha oferta do duque e fosse viver no campo.

Claro que até que Emma chegasse a essa conclusão e aceitasse a oferta feita, Ash iria atormentá-la. Ele era muito bom nisso.

Eles se casam numa cerimônia simples e imediatamente Emma se torna a salvação dos moradores (serviçais) remanescentes de Ashbury House, que começam a bolar planos mirabolantes para fazer o jovem casal se apaixonar.

Emma passa a fazer uma verdadeira devassa na vida de Ash - a começar por se recusar a chamá-lo assim (ash = cinza), já que ela achava uma brincadeira de mau gosto pelo fato de ele ter cicatrizes por conta das chamas. Ela passa a atormentá-lo chamando-o dos apelidos mais carinhosos que ela consegue inventar - o que o irrita no começo, mas depois vira uma espécie de jogo entre o casal.
Depois, ela se recusa a viver numa casa escura pelas pesadas cortinas, o que para ele servia de proteção contra o mundo.
E assim eles passam os dias.

As noites...

Ash se recusava a deixá-la vê-lo sem roupas, então, ele ia ao quarto dela na garantia de que tudo estava bem escuro e ela mal podia ver um palmo à frente do nariz.
As primeiras tentativas foram desastrosas - e engraçadas - até que finalmente conseguem consumar o casamento.

Havia mais um segredo dele a ser descoberto.
Por conta de sua situação, Ash tinha mania de sair nas madrugadas assustando pessoas e bancando uma espécie de vingador, salvando alguns necessitados. E, assim, ele ganha fama nos jornais.

Por mais que Ash tente ser beligerante com a esposa, ela tem resposta à altura, desarmando-o e, a bem da verdade, os dois começam a se gostar.
Emma queria ajudá-lo a voltar a viver plenamente, sem carregar o peso da rejeição sofrida por tantas pessoas - ainda que ele fingisse não se importar com isso. Ash não conseguia acreditar que ele fosse digno de ser amado.

E enquanto ela tentava convencê-lo do contrário, com a ajuda de suas novas amigas, e ele saía pela noite de Londres angariando o respeito de uns e assustando outros,  ambos metem-se em confusões - ainda com a ajuda dos empregados - e descobrem que o amor pode vir da forma mais inesperada, absurda, irritante e engraçada.

capa original


Muito bom se deparar com um romance que poderia ser mais um remake estilo "Bela e a Fera", mas que diverte de forma tão despretensiosa.
Ashbury definitivamente é irritante e insistente, mas é exatamente esse lado dele que acaba cativando e fazendo a gente virar mais uma página.

Emma em hipótese alguma se faz de coitadinha. Depois de ser escorraçada pelo pai, ela decidiu definir seu próprio futuro, e quando bateu à porta do duque para cobrar-lhe uma dívida, ela já tinha o planejamento de ter o seu próprio ateliê em pouco tempo.
Conforme eles vão se conhecendo, e trocando confidências, ele fica sabendo das necessidades dela - ao ponto de ter perdido um dos dedos do pé por causa do frio que passou andando do interior até Londres.

Uma verdadeira comédia de erros que acaba por dar certo, e formando mais um casal improvável.
O próximo? Que tal uma preceptora, especialista em relógios e tempo, que precisa dar uma lição num certo herdeiro de um ducado?
Série que vale a pena acompanhar.


*Lido no original em inglês


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