Julia Quinn - Um Beijo Inesquecível (Os Bridgertons #7)



Ficha técnica: Um Beijo Inesquecível (It's in his Kiss)
Autora: Julia Quinn
Editora Arqueiro
Lançamento original: 2005
Lançamento BR: 2016
272 páginas
POV: terceira pessoa
Gênero: Romance de Época; Chick Lit

Protagonistas: Hyacinth Bridgerton e Gareth William St. Clair
Local/ano: Londres/1815,1825

"Toda a alta sociedade concorda que não existe ninguém parecido com Hyacinth Bridgerton. Cruelmente inteligente e inesperadamente franca, ela já está em sua quarta temporada na vida social da elite, mas não consegue se impressionar com nenhum pretendente. 

Num recital, Hyacinth conhece o belo e atraente Gareth St. Clair, neto de sua amiga Lady Danbury. Para sua surpresa, apesar da fama de libertino, ele é capaz de manter uma conversa adequada com ela e, às vezes, até deixá-la sem fala e com um frio na barriga.

Porém Hyacinth resiste à sedução do famoso conquistador. Para ela, cada palavra pronunciada por Gareth é um desafio que deve ser respondido à altura. Por isso, quando ele aparece na casa de Lady Danbury com um misterioso diário da avó italiana, ela resolve traduzir o texto, que pode conter segredos decisivos para o futuro dele.

Nessa tarefa, primeiro os dois se veem debatendo traduções, depois trocando confidências, até, por fim, quebrarem as regras sociais. E, ao passar o tempo juntos, eles vão descobrir que as respostas que buscam se encontram um no outro... e que não há nada de tão simples – e de tão complicado – quanto um beijo."





Desde muito novo Gareth St. Clair sabia o seu lugar ao sol, e esse lugar definitivamente não existia na vida e no coração de seu pai. Diferente de seu irmão mais velho, George.
Por isso mesmo, quando estava em Eton, ele estabeleceu algumas regras de convivência pacífica e na maior distância possível:

1° - Só falar com o pai se fosse necessário;
2° - Se realmente fosse necessário, o mais breve possível;
3° - Mesmo sendo breve, de preferência na presença de um terceiro;
4° - Manter-se longe de casa nas férias escolares. Isso significava conseguir o maior número possível de convites dos amigos.

Mas houve um momento em que ele não pôde se furtar. O pai mandou chamá-lo faltando 2 meses para que se formasse em Eton. Apesar dos tantos planejamentos que fazia em sua mente a cada vez que precisava estar perto do pai, a grande verdade era que Gareth temia desafiá-lo, afinal, ele pagava por tudo.

E lá estava ele, aos 18 anos, sem a menor ideia de que a vontade do pai com ele seria uma verdadeira bomba. 
Richard St. Clair, barão, comunica - exatamente isso. Ele não perguntou, ele comunicou - que no próximo verão Gareth iria se casar com Mary Winthrop. O acordo já estava selado.
O problema não era só o fato de que Gareth era muito novo e almejava ir para Cambridge. Era que ele conhecia Mary a vida toda e ela não era uma pessoa adequada a ser esposa de ninguém. Mary poderia ser muito boazinha - ele mesmo já a defendera várias vezes de outros garotos que implicaram com ela -, mas ela era mentalmente infantil; provavelmente nem entenderia o ato sexual para que consumassem o casamento; como ele poderia se casar com ela?
E foi aí que Gareth teve a coragem de perguntar por que o pai sempre o tratara como escória. Se o barão não podia "sacrificar" George por ser o herdeiro ao título, por que o faria com Gareth? E a revelação tornou o mundo de Gareth num lugar mais frio do que ele estava acostumado.
Pela primeira vez Gareth levantou sua voz e disse que não faria a vontade do pai. Obviamente o pai disse-lhe que não pagaria mais nada de suas despesas. Ainda assim, Gareth manteve sua posição.

Ao sair de lá, ele segue até Surrey, à casa de sua avó materna, Lady Agatha Danbury. Ela o acolhe e decide ela mesma pagar pelo restante dos estudos do neto. E quando ele terminou de estudar, ela o informou de uma pequena renda deixada pela mãe que seria dele. Gareth não viveria com luxo, mas teria com o que se sustentar.

Nesse ínterim, o irmão dele morreu e Gareth passa a ser o herdeiro direto ao baronato, mas ele sabia que com o ódio que o pai lhe sentia, não haveria muito a herdar, a não ser o título, as terras ligadas ao título e... dívidas.

Caroline, esposa de seu irmão, vai visitá-lo e fala-lhe sobre ter encontrado um diário da avó paterna e que este, conforme instrução em uma carta do marido,  deveria ser entregue a Gareth.
O livro estava escrito em italiano e agora, Gareth precisava de alguém para traduzi-lo. E é quando a vida dele e de Hyacinth Bridgerton se cruzam...

Hyacinth, 22 anos, a caçula de uma família de 8 filhos, inteligente, vivaz, bonita, esperta...e terrivelmente entediada com todos os mesmos cavalheiros da sociedade.
Sua mãe, Violet, já estava para lá de preocupada. Sua filha, a única das mulheres ainda solteira, encaminhava-se para sua quarta temporada e os pedidos de casamento iam diminuindo a cada ano. O grande problema era que ou eles eram caça-dotes, ou eram idiotas; e por mais que Violet ou Anthony, seu filho mais velho, Visconde e responsável pela família, quisessem vê-la casada, não iriam forçá-la a casar-se com qualquer um.

Ela era considerada um tanto estranha, ou seria excêntrica? A verdade é que o comentário entre os solteiros de plantão era que nenhum homem iria escolher uma mulher que fosse mais inteligente do que ele, e era exatamente esse o "problema" com Hyacinth. Era era inteligente e não escondia isso.

Sua melhor amiga, Felicity Albansdale, estava casada de pouco tempo. Violet joga na cara da filha que até mesmo Charlotte Stokehurst conseguira fisgar um conde, mas Hyacinth ainda, nada.
Suas tardes de terça eram passadas na casa de Lady Danbury, quando as duas se divertiam com a leitura de um romance qualquer, lido por Hyacinth para a velha senhora.
E foi exatamente num desses dias que Gareth aparece com o diário em mãos e Hyacinth lhe informa que ela sabe um pouco de italiano, já que os Bridgertons tiveram uma governanta que lhe ensinara.
A partir daí, uma vida repleta de aventuras aparece no horizonte deles.

Através da leitura do diário, Hyacinth fica sabendo que Isabella Marinzoli St. Clair casou-se obrigada e foi para a Inglaterra. Um casamento sem amor que deu como fruto dois filhos, Richard (pai de Gareth) e Edward.
Gareth temia que Hyacinth descobrisse no diário da avó a vergonha sobre o passado dele, mas antes disso ela aparece com uma outra notícia bomba: a avó havia recebido de sua própria avó umas joias de presente que deviam valer uma verdadeira fortuna, e ela escondera do marido em algum lugar na Casa Clair. E Hyacinth, aventureira como só ela, dá a ideia a Gareth de que descubram o paradeiro dessas joias antes do atual barão, assim, Gareth teria fundos para pagar as dívidas e despesas quando herdasse o título.

Mas a cada saída noturna, a cada encontro a sós para conversarem sobre mais um trecho traduzido, o casal ia tornando-se mais íntimo, mais unido, mais parceiro. O primeiro beijo roubado foi quase um ato selvagem, quando Gareth havia acabado de discutir com o pai, mas os outros... Ahhhhh os outros... Foram a perfeita amostra de que eles poderiam ser parceiros em mais do que apenas na caça ao tesouro. Eles poderiam dar certo na cama, na vida, no amor...

"Hyacinth não sabia de onde vinha aquela louca sensação de ousadia. Não era tímida nem tão recatada quanto deveria estar sendo, porém tampouco era imprudente. E Gareth St. Clair não era o tipo de homem com o qual se devia gracejar. Estava ciente de que brincava com fogo, mas de alguma forma não conseguia parar. Sentia como se cada frase que deixava os lábios dele fosse um desafio e ela precisasse fazer uso de toda a inteligência só para manter o mesmo ritmo." (pag. 38)




Mais uma história repleta de aventuras.
Enquanto no livro anterior, UM CONDE ENFEITIÇADO, a autora nos brinda com uma narrativa diferente, com protagonistas mais experientes, vivenciando um amor um tanto "estrangulado" (Michael por amar Francesca há tanto tempo e ela, por estar em crise ao se ver amando o homem que antes considerava como a um irmão), aqui os protagonistas são mais sapecas. Eles agem impulsivamente - ou pelo menos Hyacinth age e leva Gareth a entrar no jogo dela -  enquanto vão se descobrindo apaixonados.

Há várias reviravoltas ao longo da história. Coisas que você espera que aconteça e não acontecem e vice-versa.

Os personagens, você já sabe, fofos de marré-de-si.
Os antagonistas também marcam presença. O pai de Gareth consegue ser aquele homem detestável (pode odiá-lo sem culpa).
Já Hyacinth é uma mocinha super esperta. Também, ela precisava ser, para sobreviver em meio a tantos irmãos e se fazer marcante.
As cenas em que Gregory pega no pé dela ou quando Anthony sente um alívio ao descobrir que a irmã não ficará solteirona são hilárias. Preste atenção nelas.
Gareth é o homem certo para ela. Ele lhe dá espaço para voar, mas sabe a hora de podar-lhe as asas.

O ritmo é aquele conhecido, sem pressa, mas dinâmico.
Uma curiosidade: não sei se vocês lembram, mas George (irmão mais velho de Gareth que morreu e passou-lhe o direito à herança) também era o nome do irmão mais velho de Phillip (Para Sir Phillip, Com Amor), que também morreu (na guerra) e passou ao caçula o direito à herança. Ou seja, esse povo tem mania de repetir nome, fazer suas homenagens. E não se engane, o nome George volta à família Bridgerton quando Hyacinth e Gareth têm seu primogênito, e na forma Georgiana, filha de Phillip e Eloise.

Sem cliffhanger.
E quanto às joias? Ah ah ah...essas ainda vão render muita história...

Recomendação: Como assim você nunca leu Julia Quinn? Está esperando um convite do Papa?
Reação: todas e as melhores possíveis. Sempre gargalho muito lendo os livros de Julia. Senti falta de uma cena com toda a família, mas tem umas cenas boas também.

5 estrelas!!!

*Gravura>> Jon Paul Ferrara>> www.jonpaulstudios.com
**Livro cedido pela editora, em parceria, em troca de uma resenha de opinião honesta.

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