[Resenha] Mary Balogh - Um Acordo & Nada Mais (Clube dos Sobreviventes #2)



Ficha técnica: Um Acordo & Nada Mais (The Arrangement)
Autora: Mary Balogh
Editora Arqueiro
Lançamento original: 17/fevereiro/2013
Lançamento BR: 03/setembro/2018
304 páginas
22 capítulos
POV: terceira pessoa
Gênero: Romance de época; New adult; Chick Lit; Drama

Protagonistas: Vincent Hunt, Visconde Darleigh, & Srta. Sophia Frey
Local/ano: Gloucerstershire; Somerset; Londres, Inglaterra/Alguns anos após as Guerras Napoleônicas

Embora Vincent, o visconde Darleigh, tenha ficado cego no campo de batalha, está farto da interferência da mãe e das irmãs em sua vida. Por isso, quando elas o pressionam a se casar e, sem consultá-lo, lhe arranjam uma candidata a noiva, ele se sente vítima de uma emboscada e foge para o campo com a ajuda de seu criado.

No entanto, logo se vê vítima de outra armadilha conjugal. Por sorte, é salvo por uma jovem desconhecida. Quando a Srta. Sophia Fry intervém em nome dele e é expulsa de casa pelos tios sem um tostão para viver, Vincent é obrigado a agir. Ele pode estar cego, mas consegue ver uma solução para os dois problemas: casamento.

Aos poucos, a amizade e o companheirismo dos dois dão lugar a uma doce sedução, e o que era apenas um acordo frio se transforma em um fogo capaz de consumi-los.

No segundo volume da série Clube dos Sobreviventes, você vai descobrir se um casamento nascido do desespero pode levar duas pessoas a encontrarem o amor de sua vida.


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Este é um daqueles livros que você começa a ler por fazer parte de uma série, mas quando se dá conta, está tão cativada pelo enredo e seus personagens que passa a ver tudo para além de apenas uma leitura. Este, é uma obra de arte, e, apesar de todos os lançados até o momento serem muito bons (3 livros e um conto), eu ainda estou absurdamente apaixonada por esta história.

Na época do lançamento no Brasil, fiquei tão empolgada que soltei uma resenha relâmpago em meu Instagram (https://www.instagram.com/borboletaqle/), agora, com mais calma, vamos fazer uma resenha maior, como o livro merece.

Recapitulando...



Após os anos de Guerras Napoleônicas, o duque de Stanbrook, George Crable, decidiu ajudar pessoas feridas numa espécie de terapia para curar a própria dor da perda.
Apesar de sua idade avançada e de não ter ido à guerra, o seu único filho e  herdeiro foi, e acabou morrendo.
Para piorar, a duquesa, não suportando a dor da perda, suicidiou-se.

O duque, então, trouxe para a sua casa de campo, na Cornualha, um grupo heterogêneo de feridos, mas que encontrou na amizade o apoio necessário para vencerem os horrores testemunhados.

Na resenha anterior (link assinalado no início da resenha), você encontra a lista desse grupo.
Hugo Emer, Lorde Trentham, apesar de não ter cicatrizes exteriores, as tinha na alma, e não se perdoava por ter sobrevivido a uma missão suicida, enquanto o restante de seu grupo morreu.
Ele finalmente conseguiu o seu final feliz com Lady Muir, uma jovem viúva.

Desta vez, vamos conhecer a história do mais novo do grupo, Vincent, que ficou cego e surdo na guerra por conta de uma explosão. A audição voltou depois de alguns dias, mas não a visão.

Vincent tinha apenas 24 anos e já estava cego há 6. Tinha como hobby tocar violino - e mal, e era alvo de chacota pelos colegas por causa disso.
Único varão de uma família entre muitas mulheres - e solteiro - todas elas faziam de tudo para super protegê-lo, e, agora, haviam decidido que estava na hora de ele se casar (para ter uma nova mulher tomando conta dele).

Acontece que apesar de Vincent realmente precisar de alguma ajuda - e para isso ele contava com Martin Fisk, seu valete -, ele era bem independente.

Quando sua família organiza uma festa na propriedade, em Middlesbury Park, e convida a família de Srta. Philippa Dean, Vincent percebe que a corda no pescoço estava cada vez mais apertada.
Todos garantiam que Philippa era muito bonita, mas havia algo nela que desagradava a Vincent: ela concordava com tudo o que ele falava.

Ainda que a família dela não fosse pobre, Philippa era a mais velha, com irmãos menores a serem enviados para a universidade. Os pais dela contavam com um bom casamento para ela para serem ajudados. Vincent poderia entender a situação da moça, mas não era isso que ele queria para a própria vida.

Sim, ele queria mais do que um simples arranjo.

Então, ele faz o impensável. Ele foge no meio da noite. Vai para o chalé no vilarejo de Barton Coombs, em Somerset.

Logo, a notícia sobre a chegada dele se espalha.
Dentre os moradores do local, havia Sophia, também conhecida dentro da família como "Ratinha".

Após perder a mãe, pelo abandono, e o pai, pela morte, Sophia foi morar com a tia, irmã mais velha do pai. Mas esta também acabou morrendo. Seu outro tio a considerava um estorvo.
Seu tio Clarence e a esposa, Martha, estavam preocupados em casar a filha, Henrietta, com alguém de posses. Por isso, ao saberem da chegada do Visconde, traçaram um plano para colocá-lo com Henrietta numa situação comprometedora.

Sabendo dos planos dos tios, Sophia deu um jeito de salvá-lo, e isso lhe custou o único lugar que ela conhecia como casa. Foi expulsa.

Ao saber do ocorrido - e sabendo que havia sido por causa dele -, Vincent oferece ajuda através de um casamento de conveniência.

Aí, você pensa: mas ele não havia fugido da família exatamente porque não queria um casamento arranjado?
Sim, mas neste caso havia dois poréns.
Primeiro, ELE estava escolhendo a própria noiva, e não as mulheres de sua família.
Segundo, dias antes, ao visitar os Fry, Vincent havia escutado a voz de Sophia por um breve instante.
Ela não havia sido apresentada a ele pelos tios - o que foi proposital -, mas o som de sua voz havia ficado marcado. Quando ela interrompeu o plano de Henrietta, ele reconheceu a voz de sua salvadora.
Era calma, reconfortante e lhe passava uma mensagem de confiança.

Seguem para Londres, onde ela conhece um dos amigos dele - Hugo, e a esposa, Gwen - e se casam.

Com o passar dos dias e a convivência, os dois tornam-se amigos.
Sophia passa a ser os olhos imaginativos de Vincent, ao lhe narrar paisagens com uma inspiração diferente. Também confessa a ele o seu trabalho como caricaturista, cujos desenhos tinham a marca registrada de sempre conter um ratinho num canto, a observar tudo.
Há a apresentação à família dele e a adaptação à vida de casados, administrando a propriedade que ele herdara, conhecendo os vizinhos e, acima de tudo, conhecendo um ao outro.

O sentimento que cresce entre eles faz com que Sophia queira ampliar a independência do marido - ao invés de prendê-lo a ela - e ela sugere a construção de um local para que ele possa voltar a cavalgar.
Os dois passam a criar histórias juntos, com os desenhos dela, e logo são convidados a publicar um livro.

A busca pela superação deles é diária, cada um em seu universo de batalhas emocionais e físicas, e a demonstração de vitória de uma delas se dá na forma de um desafio que Vincent propõe a um desafeto da juventude de Sophia, para "vingar a honra" da esposa.

Esta é uma das cenas mais interessantes e bonitas que já li nos últimos tempos. É uma verdadeira poesia.⇜

Embora narrar os fatos da história pareça um tanto comum em relação aos romances de época, creia-me, Mary Balogh consegue transformar cenas do dia a dia em verdadeiras pérolas, com seus diálogos inteligentes e personagens que fogem do padrão.

Clube dos Sobreviventes é um verdadeiro regalo para o leitor.
*LIVRO cedido em parceria, pela editora, em troca de uma resenha de opinião honesta.








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