Madeleine Wickham - Louca Para Casar



Ficha técnica: Louca Para Casar (The Wedding Girl)
Autora: Madeleine Wickham (Sophie Kinsella)
Editora Record
Lançamento original: 1999
Lançamento BR: 2013
348 páginas

"Milly está a quatro dias de um casamento digno de contos de fada com Simon, um jovem rico por quem é perdidamente apaixonada. É a cerimônia mais aguardada do ano pela alta sociedade, mas um detalhe pode pôr tudo a perder. Dez anos antes, Milly se casou com um amigo americano gay para que ele vivesse na Inglaterra com o parceiro, mas logo ambos perderam o contato e nunca se divorciaram. Tudo permaneceria em segredo se não fosse a chegada de Alexander, o fotógrafo, que por acaso também presenciou a primeira união. Agora ela terá que correr contra o tempo para encontrar o “marido” e obter o divórcio antes que todos descubram que a noiva, na verdade, já é casada."




É incrível como a simples troca de assinatura de um livro pode mudar totalmente o estilo do mesmo.
Madeleine Wickham é o verdadeiro nome de Sophie Kinsella. Bom, já disse aqui várias vezes o quanto adoro o estilo de Sophie. Seus livros sempre são recheados de situações cômicas, com uma protagonista enrolada, tentando fazer de tudo para resolver a situação, mas acaba ficando pior.
Neste livro daqui não espere ter a mesma reação.

Milly tem 28 anos e está prestes a se casar com um homem absolutamente louco por ela. Sua mãe está enlouquecendo a todos tamanho o orgulho que sente (pelo fato de Simon ser filho de um milionário), seu pai sente-se infeliz e ainda tem problemas no trabalho e sua irmã bem sucedida está passando por uma decisão difícil. Tudo isso seria passado após a realização do casamento se... o casamento pudesse se realizar.
Acontece que a própria Milly deletou da memória que 10 anos antes, fazendo um favor a um casal de amigos gays, ela se casou com um deles e o divórcio nunca se consumou. Agora, a quatro dias do casamento, ela tenta desesperadamente encontrar o "marido" para conseguir o divórcio.

Na verdade, o livro traz duas histórias paralelas e entrelaçadas.
Primeiro há a própria Milly e suas ações do tipo "se-eu-não-tocar-no-assunto-ele-não-existe". Depois, há a história do casal gay. Um deles era americano (a história se passa na Inglaterra) e precisava se casar ou acabaria sendo deportado. Rupert e Allan se amavam na época em que Milly os conheceu, e ela achou que o amor deles era tão lindo, que não pensou duas vezes em aceitar a oferta de ajudá-los.
A questão é que ela escondeu isso de todos, nunca mais tocou no assunto e achou que poderia levar o segundo casamento adiante!!

Ao procurar pelos antigos amigos, ela descobre que a vida tinha outros planos e tudo desanda mais do que o esperado. 
O final é bom, mas também traz uma série de reflexões. Sobre a atitude de Milly, a situação de seus pais, as decisões de sua irmã, o relacionamento tenso entre Simon (o noivo) e seu pai, o amor entre os dois rapazes, sobre os beatos que tentam mudar todos à sua volta...


Confesso que fiquei um tanto tensa em algumas partes do livro. Por outro lado, achei que a publicação deste livro teve um "tempo" oportuno.
Hoje, a discussão sobre a aceitação do casamento gay e dos direitos dos mesmos está acirrada. A cada dia você se depara nas ruas com mais e mais pessoas assumindo a sua sexualidade. 
O Brasil ainda guarda um ranço muito grande na discriminação. Aos poucos os meios de comunicação (em especial as novelas, que alcançam um número grande de expectadores) incluem em seus personagens pessoas homossexuais, mas você já reparou que estes só fazem sucesso quando são os caricaturados? Os do tipo que criam bordões como "abalou Bangu" ou "Minha rainha egípcia". Até hoje não foi mostrado um real e longo beijo gay.
A literatura com conteúdo gay também não existe no Brasil. Não estou falando das revistas pornôs. Falo de livros, romances contemporâneos, em que os personagens são gays. Lá fora você encontra selos próprios para este tipo de literatura e tais livros são lidos por milhões de pessoas.

Voltando a este livro em questão, a história de Rupert e Allan traz bem parte do processo (negação-aceitação) que alguém passa ao se descobrir gay. Dentro de poucos meses teremos o lançamento do livro 11 da saga ADAGA NEGRA, a história de Qhuinn e Blay, em português, com cenas mais explícitas do encontro entre os dois. Talvez este seja o início da introdução de um novo tipo de literatura. Talvez, dentro de 10 anos, o país esteja preparado para receber algo mais picante nesta área...

Minhas impressões:  

O livro é bom, tem enredo, com personagens que mostram a que vieram. O ritmo é bom. Se eu o recomendaria? Sim, mas não para qualquer pessoa. 
Se eu o leria de novo? Quem sabe...

Se eu já disse na resenha de outros livros que há livros que provam que até mesmo o melhor dos escritores tem seus baixos na carreira, eu diria que este aqui prova o poder de um pseudônimo. Ainda prefiro Sophie Kinsella.


Comentários