[Espólio Bienal 2015] Danilo Barbosa - Arma de Vingança



Ficha técnica: Arma de Vingança
Autor: Danilo Barbosa
Editora Universo dos Livros
Lançamento: 04/setembro/2015
240 páginas
POV: primeira pessoa - Ana
Gênero: Romance Contemporâneo; drama

Protagonistas: Ana; Rodrigo. Ricardo; Rafael
Local/ano: São Paulo; Goiás/atual

"O que você seria capaz de fazer por vingança? Suportaria uma vida cercada de mentiras, traições, dores, crime e morte? Ana sobreviveu e pagou o preço com marcas que o tempo nunca será capaz de apagar. Deixou para trás a inocência infantil para dar lugar a uma mulher fria e calculista, disposta a ser a perfeita arma de execução contra aqueles que tentaram destruí-la. Para atingir seus objetivos, não terá limites: irá mentir, enganar, seduzir e trair… Sem remorsos ou pena daquele que um dia julgou amar. Junto a Ana, caminhe na tênue linha entre a paixão e a obsessão e veja que até os príncipes encantados têm seu lado sombrio. Afinal, esta não é uma história de amor."



Uma linda mulher levanta-se da cama e encaminha-se à varanda do quarto. Ao seu lado na cama, um homem que a ama e faria de tudo para estar sempre com ela. Em suas mãos, um recorte de jornal que, agora picotado, é jogado ao vento para que suas palavras levem embora um tempo em que foi necessário não ser santa.

Confissão. Vingança.

Ana sabe o preço de cada coisa que precisou pagar para chegar onde se encontra...



Tudo começou em Minas Gerais, numa fazenda encravada no pé da serra. Uma família até então feliz. Até que pela primeira vez Ana viu seus pais bringando. Seu pai sai porta fora mas não vai muito longe. Logo coloca as mãos no peito e morre de um ataque fulminante. A mãe morreu para o mundo. Nunca contou a ninguém o motivo da briga do casal. Cansada de ser invisível para a mãe, Ana parte para a cidade grande. Logo encontra trabalho como atendente numa videolocadora, local que trabalha até hoje, agora como administradora da loja. Arrumou ótimos amigos - Paula, a vizinha, Tiago e Adriana, que também trabalhavam na locadora -,  mas péssimos namorados, a começar por Rodrigo, codinome Rambo.

Forte, boa aparência, mas não valia o chão que pisava. Vivia metido com drogas, e também as consumia, o que tornava o relacionamento deles um barril de pólvora prestes a explodir. Com dificuldade ela consegue se livrar dele, mas sempre com a sensação de que ele estava por perto.

Até que um dia, no clube, ela esbarra num cara que a faz cair e sujar a roupa branca. A princípio ela estava irritada demais para reparar nele. Mas depois, ao revê-lo, ela cai novamente... de amores.

Ricardo era a descrição perfeita do príncipe encantado. Louro, olhos claros, um cavalheiro, mostrou-se logo interessado por Ana e fez exatamente o que manda a cartilha para conquistá-la. Foi educado, conquistou os amigos dela, levou-a para os melhores lugares, envolveu-a em romance. No aniversário dela teve festa surpresa e passar o dia na casa dos pais dele, que estavam viajando fora do país - e só então ela viu o quanto a familia de Ricardo era rica.

Mesmo com todo esse aparato, ceder sexualmente para Ricardo não foi fácil porque Ana ainda guardava seus traumas da época de Rambo. Mas com jeitinho Ricardo a conquistou; e ela cedeu. E nesse dia ele a pede em casamento.

Perfeição? Nem tanto.
Lobo em pele de cordeiro, Ricardo era tão sórdido quanto Rambo. Ele só usava métodos diferentes. Ele envolvia, conquistava, fazia a pessoa depender dele, e depois disso, ele dava o bote. Seu objetivo era total submissão. Isso ele aprendera com o pai e fora além.

A vida segue seu rumo, e Paula finalmente aceita namorar Tiago, enquanto Adriana casa com Willian e vão morar numa fazenda em Goiás.
Ana passa a se interessar por fotografia e leva seu hobby a sério.

Ricardo se preocupa porque a sente distante, independente.
Enquanto ela não chega no patamar de submissão que ele deseja, ele continua mantendo seus encontros secretos com outras mulheres. E é exatamente por causa disso que a vida de Ana dá uma reviravolta.

Numa sucessão dramática, Ana se torna completamente dependente de Ricardo. 
Mas quando a amiga Adriana se encontra grávida, quase no fim da gestação, ela pede que Ana e Paula fiquem com ela, e mesmo contra a vontade de Ricardo, Ana viaja.

Lá, numa noite de tempestade, com Willian tendo viajado, a bolsa d'água de Adriana estoura, e Ana e Paula são obrigadas a fazer o parto enquanto a ambulância não chega. E depois disso, com toda aquela enxurrada de emoções, Ana se lembra de uma série de acontecimentos que havia deletado de sua mente.

Ao voltar para São Paulo, ela já não era mais a mesma pessoa, e passa a viver e agir de acordo. Ela descobre o motivo da briga de seus pais; ela descobre as escapadas de Ricardo e até mesmo do que ele fora capaz de fazer para continuar mantendo aquele estilo de vida desregrado. Não, ele não era melhor que Rambo, ele só era rico de nascença. E prova isso ao atacá-la, violentá-la e jogá-la num matagal para morrer.

Mas Ana é tão tenaz quanto ele e consegue ajuda de um motorista que passava pela estrada, e em sua vida entra o terceiro R: Rafael.

Por algum tempo Ana consegue se ver livre de Ricardo. Ao saber o que acontecera com a noiva do filho, a mãe de Ricardo aparece no hospital e conta a Ana a própria vida, não muito melhor que a da outra. Ela dá a localização do filho e a polícia o prende. Mas sendo réu primário e rico - além de saber a quem chantagear - Ricardo não fica na cadeia.

Enquanto isso, Ana se recupera e decide se vingar com as próprias mãos. E no seu plano ela usa uma arma contra a outra.
Passo a passo ela prepara a ratoeira que fará Ricardo cair. Por pouco sua segunda parte do plano não dá certo, mas no final, a vingança é um prato que se come frio...   




Ver tudo que Ana passou e ficar impassível é impossível.
Ela parece ter mesmo dedo podre para escolher homens. Tanto Rambo, quanto Ricardo fizeram dela um joguete em suas mãos.
Depois de passar pelo choque de lembrar parte do que havia sofrido nas mãos de Ricardo, ela percebe que aquele homem deveria sofrer por tudo que fizera a ela.

Mesmo sem ser uma pessoa com espírito vingativo, digo: acho que ela fez bem-feito.
A cada novo plano elaborado, apesar dos riscos, faz o leitor ficar grudado nas páginas querendo saber qual será o desfecho.
Não, Ana não é uma heroína, longe disso. Ela sofre, ela sangra, e ela se vinga. E acredite, em alguns casos, com ritos de crueldade.
O que ela sofreu justifica a violência praticada mais tarde? Não, mas faz-se entender.

O enredo intriga. Os personagens - principalmente os vilões - nos deixam fascinados pelo seu alto grau de amoralidade. O final? Ah! Este, então, pega o leitor de surpresa e traz a verdadeira cerne do que tudo sofrido por Ana fez com ela. Não é santa, não é demônio. É humana.
O ritmo da história foi um pouco rápido demais, e tinha nomes demais com a letra R. Fora isso, perfeito.
Não é um livro indicado para pessoas com coração fraco. O autor não descreve em detalhes as cenas mais chocantes, mas a imaginação pode ir além.

4,5 estrelas.

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