Lisa Kleypas - Um Acordo Pecaminoso (Os Ravenels #3)



Ficha técnica: Um Acordo Pecaminoso (Devil in Spring)
Autora: Lisa Kleypas
Editora Arqueiro
Lançamento original: 2017
Lançamento BR: 2018
304 páginas
Prólogo + 24 capítulos + Epílogo
POV: terceira pessoa
Gênero: Romance de época; Chick Lit; New Adult

Protagonistas: Pandora Ravenel e Gabriel Challon, Visconde St. Vincet
Local/ano: Londres; Sussex, Inglaterra/1876; 77.

Lady Pandora Ravenel é muito diferente das debutantes de sua idade. Enquanto a maioria delas não perde uma festa da temporada londrina e sonha encontrar um marido, Pandora prefere ficar em casa idealizando jogos de tabuleiro e planejando se tornar uma mulher independente.

Mas certa noite, num baile deslumbrante, ela é flagrada numa situação muito comprometedora com um malicioso e lindo estranho.

Gabriel, o lorde St. Vincent, passou anos conseguindo evitar o casamento, até ser conquistado por uma garota rebelde que não quer nada com ele. Só que ele acha Pandora irresistível e fará o que for preciso para possuí-la.

Para alcançar seus objetivos, os dois fazem um acordo curioso, e entram em uma batalha de vontades divertida e sensual, como só Lisa Kleypas é capaz de criar.



Continuação da série: Livro #1 > resenha; Livro #2 > resenha


Coisa boa já no início do livro!!!


A autora traz o casal Evie e Sebastian St. Vincent, protagonistas do livro PECADOS NO INVERNO (As Quatro Estações do Amor #3).
Não lembra deles? Eis aqui a resenha > leia aqui

Mas o motivo é porque o protagonista deste livro aqui, Gabriel, é o filho mais velho do casal.
E não negando a "herança" vinda do pai, Gabriel foi pego numa situação comprometedora após anos carregando a fama de ser tão libertino quanto o pai (coisa que Gabriel nega veementemente). 
Vamos ver como isso se deu...


Os Ravenels agora estavam numa situação financeira um pouco melhor.
Devon Ravenel, conde de Trenear, havia herdado um título e uma propriedade caindo aos pedaços, assim como várias pessoas para tomar conta, entre elas quatro mulheres: a viúva jovem do último conde e as três irmãs solteiras deste.
A princípio não havia dinheiro para salvar tudo, mas foi encontrada uma certa mina nas propriedades do conde que fizeram com que a família saísse da penúria.

A viúva, Devon pegou para si.
A irmã mais velha, Helen, acabou se casando com o galês mais rico de todo país, Rhys Winterborne, dono da maior loja de departamentos do "velho" mundo.
Sobraram, então, as irmãs gêmeas, Pandora e Cassandra.

A segunda estava eufórica por participar de sua primeira Temporada em Londres, mas o mesmo não acontecia com Pandora.
Na verdade, ela tinha uma enorme aversão à ideia casamento.

Pandora já tinha seu futuro definido. Ela queria montar sua própria empresa de jogos de tabuleiros (o primeiro já estava passando pela fase de patentear), dar emprego a outras pessoas - especialmente mulheres - e ser dona do próprio nariz.
A família alegava que enquanto ela esperava a patente do jogo ser liberada, ela poderia muito bem se divertir nos bailes.

Acontece que Pandora não conseguia ver qualquer diversão em ficar num salão lotado de pessoas conversando sobre nada interessante...

"- Não precisa ficar procurando assuntos banais para conversar comigo. - avisou ela - Não gosto de conversas de salão e não sou muito boa nisso.
- Lady Berwick não a ensinou a ter conversas de salão?
- Ela tentou. Mas odeio falar sobre o clima. Quem se importa com a temperatura que está fazendo? Quero conversar sobre coisas como... como...
- Sim?
- Darwin. Sufrágio feminino. Casas de correção, guerra, por que estamos vivos, se o senhor acredita em sessões espíritas ou em fantasmas, se alguma música já o fez chorar, ou que legume mais detesta..."

Ah! E ela também não suportava dançar. Mas isso havia um motivo bem particular.

Obrigada a comparecer a um baile, ela foi prestar um favor a uma pessoa - cuja situação em si já seria comprometedora - e acabou com o vestido preso em detalhes esculpidos num banco.
Gabriel que passava por ali, não interessado no baile, mas sim, no show de fogos de artifícios que se daria dali um pouco, foi ajudá-la e os dois acabaram sendo pegos no flagra. Fazendo nada, mas naquela época o que contava era a impressão que dava.

O dono da casa fez questão de fazer o alarde. Lorde Westcliff (sim, ele mesmo que você está pensando, daquela outra série) tentou limpar a barra de Gabriel, que o tinha como um tio, mas o anfitrião tinha o prazer mórbido em fazer um famoso Dom Juan ter que pedir uma jovem em casamento.

Entretanto, se Gabriel era contra a ideia de se casar, Pandora era o triplo!

O estrago estava feito e espalhado. Devon afirma para Pandora que ela não seria obrigada a se casar, mas a reputação dela estaria danificada. Não custava nada ela dar uma chance ao rapaz e ver se valia a pena o matrimônio.
Apesar da fama que Gabriel tinha - e todos sabiam que ele mantinha como amante uma mulher casada; a esposa do Embaixador dos Estados Unidos -, Rhys Winterborne havia atestado positivamente sobre Gabriel.

Sebastian, pai de Gabriel, até entende a situação do filho e dá algumas ideias de como ele poderia fugir do engodo, mas também sugere que os Ravenels sejam convidados à casa de campo deles, assim, o casal teria chance de se conhecer.

Vamos dizer que, entre os dois, Gabriel estava um pouquinho mais favorável ao casamento do que Pandora.



Convivência bem-sucedida (com muitos amassos), o casal se casa.

"- Você me fascina, Pandora. Cada molécula do seu corpo. Na noite em que nos conhecemos, você me atingiu como um choque elétrico."

Gabriel fica sabendo de certos acontecimentos do passado de Pandora que o deixaram furioso, e ele sabia que ainda que sua esposa lutasse com unhas e dentes pela independência (e esse foi um ponto muito discutido para que houvesse o casamento), ela também precisava ser protegida. Por isso, ele contrata um criado particular para acompanhá-la (na verdade, mais como um guarda-costas).

A partir daí, mostrando os primeiros dias de casados, vamos vendo o desenrolar de Pandora em dar continuidade à fabricação de seu jogo de tabuleiro, e, infelizmente, ela acaba em meio a uma crise política que pode ameaçar-lhe a vida.




Antes de começarmos a analisar a história do casal, deixe-me dizer que andei vendo nas redes sociais algumas reclamações de leitoras sobre o livro.
Bom, o fato de Gabriel ser filho de Sebastian, causa, automaticamente, uma comparação. Acontece que as histórias são muito diferentes.

Além disso, como o próprio personagem pontua, ele NÃO É canalha como o pai foi (ele apenas herdou o título por ser muito parecido com o pai; o mesmo cabelo louro e olhos muito azuis).
Gabriel era um bom filho. Muito amado, sempre soube que apesar do título (nobre) que herdaria um dia, ele não podia confiar apenas nisso, e, por isso, sempre se preocupou em ser muito bom em tudo que fazia, inclusive como administrador da casa de jogos Jenner's.

Ele veio de uma família rica (enquanto que na história do pai, este estava falido e foi assim que topou se casar com Evie), ele próprio aumentando a riqueza da família com os negócios que geria. Tinha irmãos que amava e convivia muito bem (diferente também do pai, que havia perdido os irmãos para uma doença). E o casal Evie/Sebastian era presente na criação dos filhos (Evie, inclusive, é uma avó dedicada)
Isso tudo já dá um quadro bem diferente de como o personagem era, portanto, a história dele não poderia ser como a do pai.

Dito isso, vamos à análise.
Enquanto o personagem de Gabriel se mostra quase perfeito (digo quase por conta do caso dele com a mulher casada, e ele sabe que isso era um erro), a personagem de Pandora tem todos os problemas possíveis.

Os Ravenels sempre tiveram sérios problemas de convivência (pais e filhos) que acabaram eclodindo nos problemas financeiros, além de serem conhecidos por seu temperamento irascível.
Pandora e Cassandra foram criadas no campo, cheias de liberdade, e viam o mundo através da leitura de muitos livros - inclusive os proibidos.
Quando finalmente viram a oportunidade de conviverem na dita Sociedade educada, os objetivos das gêmeas não poderiam ser mais diferentes.

Cassandra curtia todo aquele aparato, já Pandora queria liberdade e independência.
Mas foi justamente ela quem se viu presa numa situação comprometedora e teve de se casar primeiro.

Daí, conhecemos a natureza calma e bem-criada de Gabriel, e ele se mostrou o homem certo para uma mulher de espírito livre como ela. Ele sabia a hora de dar terreno a ela para voar, mas também, a hora de agir protetoramente.

Quando Pandora sofre uma tentativa de assassinato, Dra. Garrett Gibson é quem faz a cirurgia dela. Isso incomoda a Gabriel porque não confia numa mulher como médica, mas diante do testemunho do Dr. Havelock e do próprio Winterborne, ele cede, e se torna apoiador à ideia.
Todas essas facetas vão alinhavando as diferenças anteriores de cada um em algo perfeito, que combina um com o outro.

O caso o qual Pandora é envolvida não é de todo resolvido neste livro porque dá gancho para o próximo, do próximo casal.
Não há cliffhager para o casal e boa parte das expectativas de Pandora são alcançadas.

As capas dessa série têm vindo lindíssimas.

Mas trago ressalvas quanto à tradução: erros de gênero e nos pronomes de tratamento em alguns casos.
Mas houve um lapso, e dessa vez não foi da tradutora, mas sim, da própria autora, e eu explico.

No livro de Sebastian há um trecho que explica a diferença grande entre o título dele e do pai, que era duque:

"- Se seu pai é um duque, por que você é um visconde? Não deveria ser um marquês, ou pelo menos um conde?
- Não necessariamente. É uma prática relativamente moderna acrescentar alguns títulos menores quando um novo é criado. Via de regra, quanto mais antigo é o ducado, menos provável que o filho seja um marquês. " (pág. 56 - Pecados no Inverno)

Então, está claro que St. Vincent era a nomeação do título Visconde, certo?
E se agora, Sebastian tornou-se o duque de Kingston, o filho mais velho recebeu o título dele.
Mas vejam o que aparece no livro: 

"Ela tratava Pandora com um misto de cordialidade e deferência, embora ficasse compreensivelmente perplexa com a absoluta falta de interesse da nova CONDESSA pelos assuntos domésticos." (pag. 218)



Não era Visconde? Como é que a esposa é Condessa?

Mas tirando esse lapso, a história é cheia de aventura, com uma heroína feminista e estabanada e um herói apaixonante.
Vale muito a pena ler.

Para quem tem curiosidade sobre os outros filhos de Sebastian e Evie...
Sophia (viúva e mãe de dois meninos) - história dela virá no livro 5;
Raphael - não aparece por estar viajando pelos Estados Unidos;
Seraphina - 18 anos;
Michael Ivo - 11 anos, ruivo. Nasceu quando Evie já nem imaginava poder engravidar.
4,5 estrelas.


*LIVRO cedido pela editora, em parceria, em troca de uma resenha de opinião honesta.


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