[Resenha] Mary Balogh - Uma Loucura & Nada Mais (Clube dos Sobreviventes #3)



Ficha Técnica: Uma Loucura & Nada Mais (The Escape)
Autora: Mary Balogh
Editora Arqueiro
Lançamento original: 1°/julho/2014
Lançamento BR: 03/junho/2019
272 páginas
24 capítulos
POV: terceira pessoa
Gênero: Romance de época; Chick Lit; Drama; New adult

Protagonistas: Sir Benedict Harper & Sra. Samantha McKay
Local/ano: Cornualha; Gales/alguns anos após as Guerras Napoleônicas

Depois de sobreviver às guerras napoleônicas, Sir Benedict Harper está lutando para seguir em frente e retomar as rédeas de sua vida. O que ele nunca imaginou era que essa esperança viesse na forma de uma bela mulher, que também já teve sua parcela de sofrimento.

Após a morte do marido, Samantha McKay está à mercê dos sogros opressores, até que planeja uma fuga para o distante País de Gales para reivindicar uma casa que herdou. Como o cavalheiro que é, Ben insiste em acompanhá-la em sua jornada.

Ben deseja Samantha tanto quanto ela o deseja, mas tenta ser prudente. Afinal, o que uma alma ferida pode oferecer a uma mulher? Já Samantha está disposta a ir aonde o destino a levar, a deixar para trás o convívio com a alta sociedade e até mesmo a propriedade que é sua por direito, por esse...



Continuação da série:
Livro #1 > resenha
Livro #1,5 > resenha
Livro #2 > resenha

Este livro se passa ao longo do primeiro e segundo livros, portanto, é necessário que você tenha lido os anteriores para melhor se colocar no tempo.

Aqui, começamos com o fim de mais um encontro anual do Clube dos Sobreviventes.
Desde que passaram vários anos vivendo sob o mesmo teto, em Penderris Hall, na Cornualha, a casa de campo do duque de Stanbrook, os seis amigos decidiram se encontrar uma vez por ano, durante algumas semanas para manterem a amizade firmada.
Desta vez, na noite anterior à partida, eles percebem que Ben estava um tanto mais abatido do que o normal, e ele acaba confessando que finalmente havia aceitado que nunca recuperaria por completo os seus movimentos e precisava, a partir dali, resolver o que faria da vida.

Benedict era o segundo filho de um Barão.
Seu irmão mais velho, Wallace, sempre preferiu viver na cidade, em Londres, e voltou a sua vida à politica. Com isso, e desde que Ben sempre desejou ser militar, a administração das terras, Kenelston, ficou a cargo do irmão caçula, Calvin.

Wallace morreu de forma trágica quando uma carroça do mercado de Covent Garden caiu sobre ele. Logo a seguir, Ben, na guerra, sofreu um grave acidente, quando o seu cavalo caiu arrastando-o com ele, e o cavalo de outro soldado caiu também sobre ele, tendo, assim, suas duas pernas esmagadas.
Seus irmãos Calvin e Beatrice, Condessa de Gramley, acharam que Ben não iria sobreviver, mas ele conseguiu (ainda que o prognóstico fosse sua morte ou a amputação de ambas as pernas).
Agora, ele era o novo Barão, mas não se sentia confortável em exigir de Calvin os plenos poderes de senhor das terras.
O caçula tinha esposa e filhos e estava mais do que adaptado ao trabalho.

Perdido quanto ao seu futuro, Ben resolve passar uns dias na companhia da irmã.
Lá, ele entra em contato com uma das vizinhas dela, a viúva Samantha McKay e sua cunhada, Matilda.
Esta última era uma mulher amarga, nunca ria e levava as regras de moral e boa conduta a ferro e a fogo.
As exigências de Matilda eram tão acirradas que ela sequer deixava que Samantha tivesse contato com os vizinhos, ainda que estes tentassem fazer visitas e convites a elas, para ajudá-la nesse momento de recente viuvez.

O sogro de Samantha também a controlava - através de Matilda - ao escrever cartas porntuando o que ele "esperava" do comportamento dela.

O fato é que os McKay nunca aceitaram o casamento do Capitão Matthew McKay com Samantha, que tinha a pele mais morena e sangue cigano.

Samantha, por sua vez, havia vivido um casamento que era mais uma prisão. 
Apaixonou-se aos 17 anos por um homem belo e vaidoso, que com pouco tempo de casado a traía, e na guerra, acidentou-se de formas que desfigurou-lhe o rosto e afetou os pulmões. A vaidade falou mais alto e ele proibia qualquer outra pessoa - além de Samantha e seu valete - de o verem. Isso fez de Samantha uma prisioneira por anos.

Com a morte do marido - e a paixão já havia acabado há eras -, ela começava a sentir falta de fazer coisas simples, como passear no campo com seu cachorro, Tramp, ou visitar os vizinhos.

Matilda defintivamente não aprovava a nova amizade de Samantha com o irmão de sua vizinha. Ainda que ele fosse "aleijado", era um homem solteiro. Isso causou uma rusga entre as duas e a partida de Matilda.
No entanto, o que era para tornar-se um alívio, veio com carga dupla de punição, porque o sogro não só queria que Samantha voltasse a morar na casa dele, como tomou a casa onde ela morava enviando um outro filho dele, com a esposa, para tomar posse do local.

Cansada daquela vida, Samatha lembra-se de uma antiga história que sua mãe contava sobre um pequeno chalé da família dela, em Gales.

Com uma amizade firmada com Ben há pouco tempo, e como ele tinha tempo de sobra, ele decide acompanhá-la em sua viagem.

Por causa da condição de saúde dele, a viagem transcorre de maneira mais lenta, mas ainda assim muito agradável. Os dois se dão às mil maravilhas, e, em alguns locais, são obrigados a se apresentarem como um casal porque Samantha não levou qualquer dama de companhia.

Qual a surpresa dela ao descobrir, em Gales, que o tal chalé era uma bela e grande casa e não estava caindo aos pedaços.
A família da mãe dela tinha posses.
Sua tia-avó havia deixado uma pensão para sua mãe, que agora era dela, e seu avô era o mais rico da região.

O encontro dos neta e avô ocorre cautelosamente, sempre na companhia e apoio de Ben. Havia muita coisa não dita e muitos sentimentos a serem lidados.
Ao mesmo tempo, a aproximação/amizade entre Ben e Samantha cresce até tornar-se algo mais forte.

Mas Samantha ainda tinha uns meses de luto pela frente - até completar um ano - e, também, queria descobrir essa nova vida de mulher independente.
Já Ben, que tinha ideia em escrever um livro de viagens para pessoas com dificuldade de locomoção, também precisava colocar sua vida a limpo quanto ao título herdado.

Percebendo o interesse de Ben por sua neta, o Sr. Bevan oferece a ele um trabalho como seu sucessor, caso ele mostre aptidão para o trabalho.
Então, Ben teria algo para ocupar sua vida - não que ele precisasse do dinheiro - e ainda poderia ficar perto de Samantha. Mas tudo isso dependia muito mais dela do que dele.

  

"— Todos recebemos uma mão de cartas. Algumas são descartadas ao longo do caminho, e pegamos novas, às vezes não as que esperávamos. Mas isso não importa. O que importa é como jogamos.
— Mesmo que seja uma mão perdedora?
— Talvez não precise ser. Pois a vida não é realmente um jogo de cartas, é?" 

Ben é um homem que sente dores constantes.
Desde o primeiro livro, conhecemos o que se passou com ele, como ele lidou, destemidamente, para não ter as pernas amputadas, e como ele, entre os amigos, sempre brincou que um dia ainda voltaria a dançar.
Mas agora, passados alguns anos e ainda com toda a problemática de como lidar sendo o novo Barão e senhor da família, o desânimo começa a lhe alcançar.

Escrever um livro é uma ideia que em pouco tempo ele vê ser mais difícil do que parecia (totalmente diferente de se escrever uma carta), e, nesse meio tempo, ele conhece Samantha.

A roupa de luto dela, de crepe, tinha um véu tão negro e grosso que Ben não sabia como sequer ela conseguia enxergar e respirar debaixo daquilo.
Mas, apesar disso, a vivacidade dela parecia pulular ansiando uma liberdade que lhe era tolhida pela severa cunhada.

Quando Samantha se vê expulsa do único lar que conheceu nos últimos anos, Ben não vê outra alternativa a não ser se oferecer para acompanhá-la naquela jornada de busca ao passado. 

E enquanto viajavam como amigos, fingindo serem casados, os sentimentos começam a se embaralhar.
Porém, sempre existiria as limitações físicas dele. E Samantha era uma mulher cheia de vida...

Quando ela descobre a verdade sobre o que houve com a mãe dela, e que sua situação financeira estava resolvida, havia a situação de luto - as convenções sociais - a se respeitar quanto ao o que o seu coração queria de fato.

Ben descobre com ela, na praia de água gelada, que sua dor se amenizava enquanto nadava. E sem dor, as ideias ficavam mais claras e o futuro, mais promissor.

Ela era uma mulher independente, e ele era um homem com uma oferta de emprego e cujas empresas, quem sabe, poderiam ser mantidas em família... especialmente quando se tem um avô com complexo de culpido.

Uma grande história de superação.








*LIVRO cedido pela editora, em parceria, em troca de resenha com opinião honesta.

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