[Resenha] Lucy Diamond - A Casa dos Novos Começos



Ficha técnica: A Casa dos Novos Começos (The House of New Beginnings)
Autora: Lucy Diamond
Editora Arqueiro
Lançamento original: 26/janeiro/2017
Lançamento BR: 03/maio/2019
320 páginas
Prólogo + 29 capítulos
POV: terceira pessoa
Gênero: Romance contemporâneo; Drama; Chick Lit; New Adult

Protagonistas; Rosa Dashwood; Georgie Taylor; Charlotte Winters; Ned; Simon; Gareth; Margot Favager; Angela Morrison-Hulme
Local/ano: Londres; Brighton, Yorkshire, Reading, Inglaterra/atual

Um romance que mescla humor, temas sérios - como perda e luto - e as responsabilidades de mulheres contemporâneas.

Em uma casa elegante próxima à orla, três moradoras têm mais em comum do que imaginam...

Uma terrível descoberta leva Rosa a largar uma carreira de sucesso em Londres e, num impulso, recomeçar a vida como sous-chef em Brighton. O trabalho é árduo e estressante, mas a distrai. Bem, pelo menos até ela conhecer a adolescente emburrada que mora no apartamento ao lado, que a faz questionar suas escolhas.

Georgie se muda para o Sul com o namorado, Simon, atrás de uma incrível oportunidade... para a carreira dele. Mas ela está determinada a ser bem-sucedida como jornalista e faz de tudo para trabalhar para uma revista local. A princípio, a cidade parece recebê-la de braços abertos, mas não vai demorar muito até ela se meter em várias enrascadas.

Após uma grande tragédia, Charlotte passa as noites isolada em seu apartamento. Porém, Margot, uma senhorinha estilosa que mora no último andar, tem outros planos para ela. Querendo ou não, Charlotte vai precisar encarar o mundo real... e todas as suas possibilidades.

Quando as três se conhecem, a esperança renasce, a amizade floresce e um novo capítulo se inicia na vida dessas mulheres.




Coleção Romances de Hoje:

➽ A Pequena Livraria dos Sonhos, de Jenny Colgan ➽  resenha
➽ A Padaria dos Finais Felizes, de Jenny Colgan ➽ resenha

➽ O Café da Praia, de Lucy Diamond ➽  resenha

➽ Onde Mora o Amor, de Jill Mansell ➽ resenha
➽ Desencontros à Beira-Mar, de Jill Mansell ➽ resenha


E vamos à leitura do último livro (até agora) lançado da coleção (lembrando que a ordem de leitura é você quem dita. No final da resenha vou postar o ranking de minha preferência.)

Estamos em Brighton dessa vez, mais precisamente no endereço Dukes Square, número 11. Ali, existe um prédio - o SeaView, sem elevador, onde moram nossas três protagonistas. Nenhuma delas é dali.

Rosa trabalhava em Londres, como publicitária, e após sofrer uma baita decepção amorosa - daquelas de sentir vergonha porque todo mundo que te conhece morre de pena -, decidiu mudar de vida, e acabou parando em Brighton, e sendo ajudante de um chef muito exigente, Brendan, no Hotel Zanzibar.

Georgie veio de Yorkshire com o namorado porque ele havia recebido uma proposta maravilhosa de trabalho, qual arquiteto (projetar um hotel 5 estrelas). E como o trabalho dela não tinha grandes perspectivas, ela pensou "por que não largar tudo e ir com ele?". E foi. Agora, precisava de um novo trabalho... e de preferência, um novo horizonte à vida.

Charlotte trabalhava numa firma de advocacia de médio porte em Reading, quando foi transferida para Brighton. Divorciada depois que o casamento não sobreviveu a uma tragédia, ela passava todo o tempo - quando não estava no trabalho - trancada em casa, tendo pena de si mesma.

As vidas delas começam a se cruzar numa série de acontecimentos... senão, vejamos:

Jo, enfermeira oncológica, mãe da Bea, que moram em outro apartamento, tem uma crise de apendicite e é internada às pressas. A filha adolescente - e soturna - fica aos cuidados de Rosa. A princípio, apesar do jeito estranho de Bea, as duas se dão bem, mas os turnos estranhos os quais Rosa tinha que trabalhar a fazem procurar o pai de Bea para dar uma ajuda (nesse ínterim, Jo tinha sido operada, mas por causa de uma infecção, precisou ficar mais tempo no hospital.)
Gareth tinha um relacionamento distante com a filha (e logo você descobre o porquê. Situação bizarra a dessa família.) Mas depois que ele a Bea têm uma discussão e a garota some, ele descobre que ela vinha sofrendo bullying em mensagens de texto de colegas da escola, e a resolução disso faz com que pai e filha se aproximem.
Bea, então, se torna até mais sociável, e logo está se metendo na vida de Rosa, dando conselhos sobre seu trabalho e talento na cozinha. O que nos leva à história de Rosa.

Rosa tinha uma vida profissional segura em Londres, tanto que quando ela foi pedir demissão, o chefe estava disposto a oferecer aumento de salário. Mas ela queria mesmo fugir.
Seu relacionamento - e o término dele - foi traumático (e não vou dizer do que se trata já que a autora fez tanta questão de fazer mistério quanto a isso, e a gente só descobre o que aconteceu mesmo com ela lá na frente da leitura), então, somente a distância daria jeito.
Ela tinha por hobby a culinária. Ser ajudante de Brendan era um tormento. Ele berrava, jogava objetos culinários nos empregados que chegavam atrasado e estava sempre estressado. Mas por causa de sua falta de experiência na área, Rosa se sentia de mãos atadas.
Conforme ela vai fazendo amizade com as outras moradoras, surge a vontade de confraternizar e ela convida os vizinhos para um jantar.
No primeiro, apenas as outras duas - Georgie e Charlotte - aparecem, e a partir daí, criam um vínculo.
É Charlotte quem sugere a Rosa que passasse a fazer o Supper Chef, uma espécie de evento semanal em que as pessoas pagam uma entrada, levam a própria bebida, mas saboreiam todas as iguarias criadas pelo chef. As comidas podem ser temáticas ou não. Querendo ampliar sua confiança nessa nova área, Rosa aceita o desafio.
No primeiro Supper Chef, os outros vizinhos aparecem e a fama de Rosa logo cresce. A noite é animada especialmente com a presença de outra vizinha, do último andar, Margot.

Margot é um caso à parte.
Uma das moradoras mais antigas do prédio SeaView, com mais de 80 anos, francesa, Margot consegue dar vida à história com suas tiradas e planos para ajudar Charlotte.

Charlotte é uma solitária. O trabalho trouxe uma palestrante que introduziu uma espécie de campanha de boa ação: deveriam ajudar algum vizinho ancião na área em que cada empregado morava e baseado nisso, um relatório deveria ser preenchido. Charlotte não estava nada animada para isso, mas como sem querer cruzou com Margot na porta do prédio, ali meio que começou o seu projeto.
Margot logo percebe as intenções de Charlotte, mas o jogo muda completamente de campo quando é Margot quem ajuda a mais nova ao pedir que ela faça algumas tarefas (comprinhas que sempre envolviam bebidas, queijos e algum vendedor solteiro bonitão.) E numa dessas tarefas, Charlotte acaba por reencontrar um homem com quem tinha "esbarrado" na orla por conta de uma confusão. 
Ned era o dono de um Café não muito longe dali e tinha duas filhas, Lily e Amber, de 6 e 3 anos respectivamente. A primeira vez que ele e Charlotte se encontram nada dá certo. A segunda vez foi meio que por acaso; mas a terceira já foi a vez de Charlotte tentar dissipar o mal-entendido.
Muito além de ter sido um plano de Margot, Ned realmente estava intrigado com Charlotte, e daí, várias feridas poderiam começar a se curar.
O interesse de Ned por ela, assim como a amizade de Rosa e Georgie, seriam o começo de um novo tempo.

E chegamos a Georgie.
O relacionamento dela e Simon vinha desde a época do Ensino Médio. Já moravam juntos há algum tempo e ela estava sempre pronta para apoiá-lo.
A ida deles para Brighton era uma tremenda oportunidade profissional para ele. No entanto, ela ainda parecia perdida.
Com algum custo, consegue trabalho numa revista local de pequena circulação. Ela ocuparia o papel de uma colunista que responderia todo tipo de perguntas - especialmente amorosas - dos leitores.
As cartas que ela tinha em mãos não eram promissoras, então, Georgie acaba criando uma carta dela, reclamando de sua vida atual e de como o seu relacionamento parecia prestes a fracassar.
Tudo era uma brincadeira, mas por um descuido, foi esse o arquivo enviado à revista.

Bom, se o relacionamento dela com Simon não ia bem, ao descobrir essa coluna na revista tudo só iria piorar, certo?
Mas enquanto o trabalho dela mostrava possibilidade de crescer, novas confusões vão distanciando o casal.
O problema é que Simon era o amor da vida dela, mas será que ela era o dele?

Foto: IG da editora


Interessante que justamente o livro com "começos" no título seja o último livro da coleção a ser lido.
Foi por acaso, mas até que combina já que suas protagonistas têm suas vidas chacoalhadas e reviradas e uma nova oportunidade, fechando um ciclo doloroso para começar um mais feliz.
Mas tenho algumas ressalvas, que talvez sejam spoilers para você. Então, se você não quiser saber de certos fatos da história, PARE DE LER AQUI e saiba que estou dando...
4 estrelas

Entretanto, se quiser saber mais...





São três mocinhas, três dramas. 
A primeira, e a que mais gostei, foi a Charlotte.
Seu casamento acabou porque o casal, ela e Jim, havia perdido uma filha com apenas duas semanas de vida. Isso a devastou. Mais de um ano depois do ocorrido, e ela ainda não conseguia esquecer a sensação, o medo, o desespero, a dor.
Às vezes enchia a cara e ligava para o ex, mas até para ele isso já estava indo longe demais.
Os pais dela se preocupavam, mais ainda agora que ela estava morando longe.

O primeiro encontro dela com Ned se dá por um acontecimento envolvendo a filha dele, Lily. Depois, quando a má impressão foi esclarecida e passaram a se ver com frequência, foi o casal mais doce de se acompanhar a história - ainda que a autora, na verdade, não tenha aprofundado essa faceta do casal. Mas a gente fica sabendo que eles estavam se dando bem - ele era viúvo - e a presença das crianças ajudou na cura dela.

Já Rosa (e eu ainda não vou contar qual foi a desilusão dela), não vivia uma depressão parecida com a de Charlotte, mas mais parecia cego em meio a um tiroteio. Triste, ela parecia estar sofrendo mais por conta da vergonha que passou entre as amigas do que pelo real sentimento que tinha pelo ex. Ficava se "punindo" com aquele trabalho em que era maltratada pelo chefe, além das "pesquisas" que fazia na internet (um coisa um tanto masoquista).
A sua cura não veio através de um príncipe encantado - ainda que no final ela termine conseguindo um novo amor -, mas pelo novo trabalho, o desafio de preparar os menus para o Supper Chef e saber que aquilo lhe traria satisfação.
Para falar a verdade, não tenho nada contra Gareth, mas o romance dos dois não me convenceu, e acho até que se a autora não tivesse colocado romance nenhum  para essa personagem, seria tudo certo. Ela saiu de um emprego no qual ganhava bem para outro que a realizava (e subentende-se que a realização financeira viria a seguir já que a clientela dela estava aumentando.)

E, então, chegamos à terceira personagem, Georgie.
O que eu posso dizer... Não que eu considere-a chata... Chata não, mas muito perdida.
Desde sempre, ela vivia em função de Simon, e quer saber? Ele sim é um chato egocêntrico.
Conforme ela vai fazendo novas matérias para a revista - além da tal coluna -, ela nunca se sente realizada porque estava sempre preocupada com o que Simon iria pensar e, por incrível que pareça, o que ela fazia passou a afetar o trabalho dele. E de qualquer maneira, ainda que ela tentasse se explicar, para ele, ela estava sempre errada.
Logicamente o casal briga feio. E você pensa que seria a chance de Georgie "bater asas e voar", mas claro, o livro é da autora e ela tinha outra coisa em mente.
Quanto ao casal ter seu "felizes para sempre", ok, afinal, este é um romance em que tudo termina bem, mas a parte do trabalho de Georgie, focado na tal coluna, poderia ter sido mais explorada na história.
A impressão que me deu é que nada relacionado a esse casal foi a fundo o suficiente; o fato de Georgie sempre abaixar a cabeça para Simon era irritante e a explicação dele sobre "o celular no bar" ficou muito rasa (para mim tava muito na cara que era traição, uma coisa meio Capitu e Bentinho).
Então, tudo terminou bem, mas também não me convenceu.

Quanto a Margot, foi uma personagem maravilhosa, que também poderia ter sido mais explorada.
A história pregressa dela talvez não agrade muito às mães de plantão (as latinas que põem seus "pintinhos debaixo da asa"), mas é uma personagem que mostou amar a vida e tentar vivê-la o melhor possível, apesar dos erros, apesar do fim.
Eu aproveito a vida, é sua mensagem; sem dramas; sem rancor; fazendo os outros felizes.

No fim, o que temos é um livro falando sobre o poder da amizade e como cada um deve estar aberto às mudanças e surpresas da vida. Há sofrimento, há intempéries, mas sempre há esperança. Morte faz parte do ciclo da vida. Todos têm direito ao amor e (esse é um dos meus favoritos), com comida tudo fica melhor. 😆😋


E aqui terminamos a série.
Seis livros, três autoras que eu não conhecia.
Romances bem modernos, leves (apesar de alguns dramas) e sem erotismo.
Minha ordem de preferência:
1° - Desencontros à Beira-Mar
       Onde Mora o Amor
⇝ Amei a escrita da autora. Ainda que ela também apresenta vários protagonistas, a história de cada um flui melhor e é bem explicada.

2° - A Padaria dos Finais Felizes
⇝ O que mais me atraiu foi o lugar, que se tornou um personagem importante. E o desastre que ocorre quase no fim do livro e une os personagens dá uma acabamento primoroso à trama.

3° - O Café na Praia
⇝ Quem nunca teve um problema na família que atire a primeira pedra. Quem não tem uma ovelha negra na família, levante a mão. Família é tudo de bom, melhor ainda quando se faz as pazes.

4° - A Pequena Livraria dos Sonhos
       A Casa dos Novos Começos
⇝ Cada livro traz enredos interessantes, mas num dado momento da leitura deixei de me conectar aos personagens por razões distintas.

Os links das resenhas estão no começo desta, e adoraria se a editora trouxesse mais livros para essa coleção. De um modo geral, achei super positiva a ideia, saindo do lugar comum de enredos eróticos ou dramáticos de uma forma dark. Aqui tem gente como a gente, com cenários deliciosos do Reino Unido.




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